domingo, 21 de fevereiro de 2010

15 ARTIGOS EM CONFRONTO COM AS CARTAS DE GIANELLI

OS 15 ARTIGOS EM CONFRONTO COM AS CARTAS DE GIANELLI

Art. I – Grande Confiança em Deus
1.1

“O Senhor permite, o Senhor sabe o que quer. Coragem e basta”. (236)

“Mesmo em meios aos raios e tempestades é necessário permanecer firmes... e tudo remediar com a paciência, a constancia e com a pleníssima confiança em Deus e em Maria”. (238)

“Não vê claramente que todas as esperanças colocadas em Deus vão bem e todas as outras vão mal ? Portanto, coragem! Acabemos de desprender-nos do mundo e doar-nos a Deus e tudo é feito”. (307)

“Parta imediatamente e vá a seu destino, colocando em Deus toda sua confiança e não na política e no interesse”. (430)

“A oração é boa, a confiança em Deus ainda mais... Agarrar-se ao mais seguro e se vai adiante, deixando a Deus o cuidado de tudo”. (566)

“Deixemos que Deus atue (que Deus faça)”. (663)

“O bem é sempre bem ... Façamos o melhor que pudermos e depois deixemos que Ele providencie a tudo ... Coragem, pois, e confiança maior que toda a criação”. (666)

“Constante na confiança em Deus ... caminhai com coragem”. (700)

“Coragem, pois, em unir-se a Ele”. (730)

“Portanto, não são necessários nem escrúpulos, nem angústias de espírito ...”(828)

“Portanto, ide com coragem e confiai em Deus, tanto mais quanto mais mesquinha vos encontrais, pois Ele fará ver que ajuda e que, ajudando, mesmo os débeis se tornam fortes". (839)

“É preciso que todos recomendemos a coisa a Deus e que ponhamos em Deus nossa confiança e esperemos que nos guardará dos erros mais fatais”. (903)

“Vivamos bem e deixemos que Deus faça”. (926)

“Ao empreender as obras é preciso arriscar um pouco, quero dizer, ter um pouco de confiança em Deus que ajudará com sua providência essas suas pobres Filhas que se empenham a sacrificar-se para fazer tanto bem (porquanto possamos crer) verdadeiramente o fazem”. (953)

“Convirá deixar que Deus faça, pois certamente o fará melhor”.(965)

“. . . a nossa confiança devemos colocá-la nEle, mas toda, toda, toda e que dos homens Ele se serve somente e quando lhe agrada”. (1072)

“Receba a coisa das mãos de Deus e a faça com total confiança que Ele a abençoará”. (1125)



1.2

“Viva! As coisas vão mal segundo o mundo. Esperamos, portanto que irão melhor segundo Deus”. (492)

“Veremos assim a vontade de Deus; se for contrária convirá resignar-se e negar ...” (658)

“Tudo vai bem, pois o Senhor jamais age mal ...” (736)

“Neste mundo é preciso contentar-se de fazer algum bem, mesmo pouco e até às vezes o Senhor se contenta que somente o desejemos, procuremos e façamos quanto pudermos. Depois se não conseguimos nada ou pouco, paciência: “seja feita a tua vontade!”. (860)



1.3

“ ... não é necessário ir buscar, mas esperar que nos procurem. Se o Senhor quiser as FMH em algum lugar ... Ele abrirá a estrada. Nosso dever é de comportar-nos bem e dar conta de nós onde estamos”. (528)

“Ireis contra o vento, não importa! Quem vai sempre adiante chega finalmente onde Deus quer”. (571)

“Agarrar-se à cruz e aos pés de Jesus Cristo e estar alí . . . malgrado toda a raiva, todo o despeito e furoreis que proveis, seja em vós que nEle; e ter viva fé, pois agradará muito a Deus esta vossa fé, esta vossa constância, esta vossa adesão, esta vossa esperança”. (665)




1.5


“... não deveis confiar jamais em vós mesma ... e porquanto pudesse parecer de ... não ter por Deus e por Maria estima e amor ... não deveis separar-vos deles jamais, mas conservar-vos sempre unida, com os últimos esforços da vontade”. (198)

“ ... viva a bondade, a misericórdia e a Providência de Deus! Ele prova seus servos mas não os abandona, embora ingratos como sou eu. Em todas as vicissitudes de minha pobre congregação me deu sempre bom coração e jamais perdi a calma, a coragem e a confiança”. (1005)


1.6

“Tendo feito o que conseguistes fazer, deveis humilhar-vos e acalmar-vos porque é muito difícil conhecer os juízos de Deus. Adoremo-lo e temamos quando nos parece de amá-lo e temê-lo pouco ... confiai nas orações e no recomendá-los a Nossa Senhora”. (915)


1.7

“Deveis propor-vos, com ajuda divina e com o favor de Maria, passar este mês, na medida do possível, sem pecar. Por isso, é necessário que cada uma dê uma olhada aos seus defeitos e àquelas faltas nas quais costuma cair e faça todos aqueles propósitos e aquelas resoluções que o Senhor lhe dará a conhecer como mais adequados para não recair, recordando que a oração feita de coração com esta finalidade é o que mais ajudará, bem como a confiança em Deus e em Maria”. (242,3)


“Precisa que todos os dias vos proponhais de imitar vossa amada mãe, Maria, em uma particular virtude como seria: na humildade, modéstia, paciência, mansidão, etc... e não penseis estas coisas nem impossíveis nem muito difíceis, pois tudo é possível melhor, fácil, com a ajuda divina, que nunca falta a quem suplica com humildade e pura fé. O Senhor nos ordena no Evangelho ser perfeitos como nosso Pai celeste: portanto, podemos aspirar com maior razão a imitar Maria. A humildade e a confiança obtém tudo a uma pessoa que com coração puro, deseja o bem”. (242,6)

“Fora do impossível é preciso fazer tudo”. (863)

“Nunca se quis dar a entender que confiar na Providência ao ponto que tenha que fazer milagres sem necessidade, é tentar a Deus”. (1182)

“ . . . eu também vejo que ao final de tudo convém abandonar-se à providência e misericordia do Senhor. No entanto nós devemos prever e prover quanto mais possamos e saibamos e aprender da experiência dos outros”. (1037)







Art. II° - Profunda Humildade
2.1
“Ou quereis servir a Deus, ou quereis servir ao amor próprio... dir-vos-ei que não tendes necessidade senão de uma firme e estável resolução de acabar, de uma vez por todas, com o cego amor próprio e de entrar na via do Senhor com ânimo franco, livre e resoluto, isto é, unicamente desejosa de encontrar Cristo e somente a Ele seguir...esta estrada ao início é dura, pedregosa, coberta de espinhos; mas exatamente por isso é mais segura e aqui, com certeza O encontrareis. Qui vult venire post me, abneget semetipsum. ... Cristo se encontra, certamente, negando a si mesmo”. (11)

“... mas vós, humilhai-vos tanto, tanto, pois não há dúvida de que o Senhor vos deseja humilhada”. (197)

“Se não fizestes assim, pedi agora perdão com toda a humildade e proponde fazê-lo de outra vez; no entanto, oferecei-vos ao Senhor...” (198)

“ Não há dúvida, porém que se fosseis mais humilde inclinaríeis a cabeça e vos mostraríeis contente e em vez de vos perturbardes por aquilo que foi dito, teríeis recordado do que eu vos falei, isto é, de não vos preocupardes ou confundirdes, mesmo se caíssem as estrelas do céu, os anjos e etc...”. (236)

“... bem aventurado vós que, tocado vivamente pelo Senhor, vos humilhastes e conhecendo o bem da humilhação a desejais ! Fazei sempre assim e as coisas irão bem. Sinto que o Senhor mantenha os motivos para vos humilhar: pois bem, bendizei-O ainda mais!” (529)

“Mas tudo com grande humildade ... Aprendei, para uma outra vez, a não agir por conta própria em coisa que não sabeis bem”. (593)

“Quanto às humilhações, repito que no momento não posso vos permitir, devido às circunstâncias; virá talvez o tempo em que poderei consentir ... Preparai-vos para recebê-la, pois assim tereis mérito ... recordai que uma coisa é falar de morrer e outra é morrer”. (595)

“A nós interessa fazer o bem, mesmo menor, antes que, por querer fazer mais, colocar-nos em risco de não fazer mais nada e, ao contrário, causar o mal”. (687)

“É necessário dizer-lhe abertamente que evite a vaidade de querer fazer melhor...” (748)

“É necessário purificar as próprias intenções, humilhar-se, rezar como se pode e ir adiante do modo que agrada a Deus”. (757)

“Pobre de vós se não os recebeis com toda a humildade, se não fazeis caso e se não vos ativerdes aos mesmos”. (828)

“Espírito de humildade, de obediência e de pronta abnegação, que é a verdadeira alma dos Institutos ...”.(855)

“ . . .quanto à Madre Catarina . . . rogo que exerciteis um pouco vossa mansidão, humildade e caridade no desculpá-la e em restabelecê-la na opinão de todos e de todas. . . (886)

“Deves humilhar-te e tranquilizar-te, porque é muito difícil conhecer os juízos de Deus...(915)

“Em primeiro lugar, a humildade. Esta virtude, que é o fundamento e o susutento de todas as demais, quase nunca se encontra onde não haja pobreza”. (1010)

“Antes, deveríeis aprender a ser flexível diante do parecer de outros, sem o que sabeis que não podereis ser inteiramente útil nem a vós e nem a outros, quanto poderíeis ser pelas ótimas qualidades que Deus vos deu”. (1037)

“Aspiremos todos ao bem, mas ao verdadeiro bem, sem paixão e sem respeitos humanos e então se somos humildes e rezamos, chegaremos a fazê-lo com a ajuda de Deus”. (1081)

“Entre tuas atitudes de resignação, esteja também este de viver ou de morrer, viver com saúde ou enferma, cuidada ou abandonada, amada ou odiada e inclusive a ter que voltar a ser Vicaria como antes”.(1098)

“Quanto ao que dizeis a respeito de estar muito aquém deste amor, porque se o tendes sereis humildades, dóceis e obedientes como o foi Jesus com Maria e com José até a idade de trinta anos; e vós me confirmais isso e que a pobre superiora está triste e amargurada porque não correspondéis aos seus cuidados. Espero que o digais por humildade e porque não sois ainda tão boa e virtuosas quanto esta senhora Madre Superiora deseja e quanto vós desejais ser. De resto, minhas filhinhas, não se duvida que se amais Jesus Cristo e quereis ser caras a Maria nossa Grande Mãe, é preciso que cresçais nestas virtudes cristãs que devem ser vosso melhor ornamento e toda a vossa riqueza”.(1099)

“Não resta senão que te humilhes, acredite no que direi e obedeças . . .(1177)




2.2

“Mas como a nossa fragilidade é tal e tanta que facilmente podereis faltar em alguma coisa, estai atentas a não abatarer-vos, se vedes que falhastes; recorrei imediatamente a Maria, para que tenha compaixão de vós e peça a seu divino Filho . . . com sua ajuda, vos corrigireis”. (242)


“Parece-me que ficar um par de meses no Conservatório como uma a mais, estando sujeita, sujeitíssima, ainda mais, não atendida e deliberadamente desatendida e um pouco humilhada . . . precisa-se mesmo fazê-lo . . .” (919)


2.3

“Quanto aos dois anos de súdita, sabeis que eu estava de acordo e me dispus a favorecê-los; mas se Deus não quer, o que se pode fazer? Penso que tanto a vós quanto a mim agradaria a intenção e não seria pouco. Se Ele quiser, abrirá a estrada, mas!!!” (950)



2.8

“Tinha esquecido de dizer-vos que, em todo este mes, jamais se deve escutar uma conversa, um canto ou outra coisa que tenha algo de mundano, ou tenha sabor de vaidade secularesca: e todas devem ter liberdade para corrigir ou avisar as outras que viessem a faltar nisso”. (242,8)

“Esta, se não abre logo os olhos, se não se emenda inteiramente, se não chora os seus excessos, . . . peça com a máxima humildade e submissão perdão a todas . . .” (551)

“Deves fazer-me todas as reflexões que melhor lhe pareçam, sugerir, avisar, repreender-me, reprovar-me e inclusive oferecer-me resistência se vês que estou errado. . .” (886)

“Eu vos direi quanto o Senhor me vai dando a conhecer; mas vós deveis fazer o mesmo em relação a mim. E já que não me vês, pergunte a quem me vê, a quem trata comigo . . . (981)

2.12

“Esta, se não abre logo os olhos, se não se emenda inteiramente, se não chora os seus excessos, se não está pronta a fazer pública penitência, se não está disposta a dar aulas e a qualquer outra coisa a que seja destinada sem o saber e sem ser interpelada, é necessário mandá-la logo embora, e estou desiludido porque ainda não o fizestes. Mande embora este Satanás! Eu deixaria antes arruinar o Conservatório e perder o Instituto do que ter pessoas como esta. Ou logo, com uma corda no pescoço, (esta é a penitência que lhe prescrevo) almoce por uma semana de joelhos e peça com a máxima humildade e submissão perdão a todas e tanto no primeiro dia, como no último, beije os pés a todas, ou parta logo; e se se deve demorar a fim de chamar os seus, não se deixe mais dormir em casa! Esta função, seja de mandá-la embora, seja de colocá-la em penitência, como disse acima, gostaria que a fizésseis ver à Noviça Luisa e que a façais considerar bem, já que ao 99 por cento fará o mesmo papel”. (551



Art. III° - Simplicidade e Prudência Evangélicas

3.1

“ . . . entrar decisamente na via do Senhor, com ânimo franco, livre, resoluto, isto é, unicamente desejosa de encontrar Cristo e somente a Ele seguir”. (11)

“Empenho grandíssimo por dar glória e gosto a Deus em tudo e dar-lhe quanto possível e desejar dar-lhe sempre mais intensamente”. (699,8)

“É sempre melhor salvar as almas e contentar a Deus que contentar ou não aborrecer um amigo”. (778)

“Em vosso fazer não sejais obstinados, mas não sejais tampouco inconstantes. Sempre acreditei que os inconstantes e os que mudam facilmente de opinião, sem graves motivos que a isso os leve, se saem mal em tudo”. (922,11)

“Mostrai-vos pois, solícitas e diligentes em fazer-vos desembaraçadas, francas, livres e donas de si mesmas . . .”. (1121)

“Eu sempre disse com força que quando faltam os meios se deve suspender a obra. Nunca se quis dar a entender que confiar na Providência ao ponto que tenha que fazer milagres sem necessidade, é tentar a Deus”. (1182)

3.2
“Acrescentarei ainda que, mesmo no vosso exterior, no vestir, no falar, no conversar e em tudo . . . deveis procurar comportar-vos de tal modo e com tal modéstia e humildade que demonstrem estardes fazendo o mês de Maria. Seria desejável que também exteriormente vos assemelhásseis verdadeiras Filhas de Maria”. (242,9)

“É necessário que se adaptem ao horário de daída das celas, para não causarem duplo incômodo aos guardas. Sabeis bem que é um ponto delicado. Na medida do possível estarão unidas e nunca ficarão a conversar sozinhas com os guardas, aos quais jamais farão outro cumprimento que uma simples saudação e nem lhes darão confiança, mas hão de tratá-los com educação e respeito.
Mas procurem de não enchê-las de orações e de não pretender demasiado, porque senão não conseguirão nada”. (509)

“ Apeguemo-nos à verdade! Sustentemos a verdade, porque Deus é a verdade, e quem ama a verdade, ama a Deus”. (570)

“E quanto à humanidade e às boas maneiras, minha filhinha, é necessário usá-las um pouco mais com as pessoas de fora. Talvez não notais e não sei se alguém já vos fez notar, entretanto os chiavarenses não estavam muito contentes com vossas maneiras altivas, como vosso modo sério, reservado e um tanto áspero que usáveis com certa freqüência. Também eu, vede, soube disso este ano e tarde. Espero que acrediteis, ao vos dizer agora. Mas é assim, minha Filha.Sabei que, se não estamos muito atentos, fazemos boa cara àquele que nos agrada e feia a quem nos desagrada e, portanto, acolhemos bem as pessoas que estimamos muito ou das quais esperamos receber algo; todas as outras mal, ou com certa indiferença, frieza, pressa e quase com inquietação e nos desculpamos ou com nossas ocupações, ou com o aborrecimento que nos causam; em substância, é uma coisa má, é um defeito, é um vício que torna odiosa a pessoa que o possui. Todos desejam ser bem acolhidos por todos, particularmente pelos Superiores. Que o Superior não nos atenda, perdoamos, mas que não nos receba bem, não sabemos perdoar. É, pois necessário que nós, Superiores, recebamos bem, quero dizer, com paz, com paciência, com calma e com suavidade as pessoas mesmo as aborrecidas, mesmo as indiscretas, mesmo as impertinentes”.(828,4)

“Não gostaria, caríssimos, que a ilusão de minha dignidade vos seduzisse. Isso poderia ser vaidade. Não nos deixemos encantar pelas aparências, mas cuidemos da substância das coisas”.(862)

3.5

“. . . pois o que não se pode, Deus não o exige . . .” (664)

“ . . . alegro-me de que Deus vos mantenha livre e desprendido de outros laços. A vossa cabeça, caríssimo, e talvez os desígnios da Providência não vos querem atado mas livre. Lamento que não tomeis a coisa vinda de Deus e que ao invés de afligir-se não vos sintais agradecido àqueles dos quais Deus se serve para cortar aqueles laços que vós . . . procurais colocar ao pescoço. Vós agora, belo, livre, ides e vindes, retardais e deixais dizer e fazeis bem . . .”. (951)

3.6

“ . . . se a Filha a tinha abandonado para consagrar-se a Deus, não deixava de ser sua Filha e as Filhas de Maria, consagrando-se a Deus, não se tornam nem desumanas nem irracionais”. (529)

“Dizei-me claramente vossa opinião cabal e completa, eu vos ordeno e se vos parece, não digais a ninguém, pois eu depois farei o que Deus me inspira. Penso que não faltareis”.(818)

“Agora vos digo: aplicai-vos em melhorar a letra . . . Não deveis temer a vaidade. Tudo deve servir à glória de Deus . . . Gostaria que antes de partides chamásseis todas as Filhas, uma por uma e lhes disésseis tudo o que o Senhor vos inspira para o seu bem e pelo bem do Instituto”. (828)


Art. IV - Pobreza Constante

“ . . . animo-me a lhe expor que, se entre as esmolas a destinar, Deus lhe inspirasse dispensar alguma às pobres Filhas de Maria . . .” (223)

“ . . . lembrem que as Filhas de Maria, com sua pobreza, se adaptam a estar naqueles lugares que talvez não poderiam prover o auxílio de outras Irmãs . . .” (283)

“. . . as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga, na pobreza, na obediência e na comunidade de vida. . .”(387)

“ A pobreza de sua vida . . .” (474)

“Como pobres irão adiante, mas como ricas não poderão ir” (544).

“. . . Por isso não pode ser Filha de Maria, entre as quais a pobreza, a perfeita comunidade e a prontíssima obediência são a substância primária que constitui o Instituto e o tripé que o sustenta”. (551)

“Já o sabeis: as Filhas de Maria nasceram para ser pobres e não convém aspirar a mais”. (623)

“Comprai candeias, lamparinas, pequenas caldeiras, uma frigideira, alguma cafeteira, etc... Colheres, garfos, conchas com orifícios ou não. Enfim, tudo o que é necessário para viver, como pobres sim, mas como pobres que servem os pobres e que costumam ser sujeitas a infinitas necessidades”. (826)

“O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza, a dependência e sobretudo a obediência sem a qual não há religião . . . “ (915)

Aqui, falta citação da carta 1010. FAZER COM SCANER


“De resto, minhas filhinhas, (me parece que posso chamar-vos assim), vos desejo nesta feliz circunstâncias as graças mais belas e as bênçãos do Santo Menino Jesus que é a fonte de todos os bens. Não estarei contente se não vos desejo uma em particular, ou seja, que vos sintais contentes da vossa situação. Não quero dizer do fato de estar nesta casa como exortei no verão passado, não, quero desejar e desejo que vos sintais contentes da vossa situação de pobres, como imagino que sejais todas, pobres meninas e talvez pobres órfãs ou todas ou quase todas!
Imagino que este meu augúrio vos agrade pouco ou nada, antes, vos repugna e talvez alguma o recebe com cara feia e desprezo. Eu vos desculpo porque a pobreza é mal vista ao olhos da carne de modo que todos a temem, a borrecem e fogem dela o mais que podem e frequentemente para nossa desgraça é mais temida que o demônio, do que o pecado, do o inferno. Portanto, vos desculpo se vós a aborreceis e se recebeis mal estes meus votos que apresento aos pés do Menino Jesus! O meu desejo, o meu augúrio é bom e não tenho intenção de retirá-lo. Quero que digais quem é aquele Jesus que adorais naquela gruta, naquele insignificante presépio. Se me respondeis que é o Filho de Deus e Deus verdadeiro, dono do céu e da terra, então vos pergunto: quem o obrigou a nascer em um estado tão mísero? E dizendo-me que foi o seu amor por nós eu direi: portanto não podia Ele salvar-nos sem nascer tão pobre? Imagino que vós finalmente me respondereis que Ele o fez também para nos dar exemplo! . . . Oh, muito bem! É justamente aqui que eu vos queria levar. Ele o fez, portanto, para dar-nos exemplo, para instruir-nos, sobre o quê? Não o vedes? Não entendeis que enquanto podia nascer no meio de todas as riquezas e delícias do mundo, porque todas eram suas e podia criar um mundo para si, infinitamente mais bonito e delicioso do que este, quis nascer o mais pobre e o mais insignificante de todos os homens, e depois viver e morrer sempre pobre para ensinar-nos a amar e apreciar a pobreza e temer e fugir das riquezas.
E é por isso que enquanto pregava, diza: ai de vós ricos! Ai de vós que agora rides! Felizes de vós que tendes fome, vós que chorais, vós que sois pobres, porque o paraíso é vosso! Eis porque os apóstolos e inumeráveis santos deixaram as comodidades, as riquezas, os prazeres e até as coroas para abraçar-se à cruz e entregar-se a uma vida pobre, mísera, insignificante.
Eu sei bem que para entregar-se a este tipo de vida se requer uma vocação especial de Deus, mas sei também que aqueles que nascem pobres, não têm necessidade desta vocação, Deus os fez nascer nesta situação, os colocou e os deixa: a sua vocação é bastante clara. O que me parece urgente fazer-vos entender é que esta não é uma desgraça para vós, como credes mas é uma sorte. Se ser pobre é uma desgraça, o é para aqueles que, abandonados a si mesmos ou uma má orientação apodrecem na ignorância, no ócio, no pecado. Mas Deus vos preservou deste mal. Colocou-vos num lugar onde vos é ensinado o bem e se ajuda a praticá-lo; quando sairdes sereis munidas de luzes e forças suficientes para superar as insídias que o mundo, o demônio e a carne vos apresentarão. Não só vos sois educadas de modo que saindo podereis manter-vos com vossas mãos e com isso evitar a indigência que o mal pior e mais perigoso da pobreza. Oh, feliz, portanto mil vezes bendita aquela pobreza que querida por Deus, ilumina o conhecimento, o amor e o serviço a Deus, sustentada pela virtude basta a si mesma e é livre dos males e perigos infinitos que sempre circundam os ricos! Oh, minhas filhinhas, se compreendésseis bem estes males e estes perigos dos ricos não teríeis inveja. Oh, quanto amaríeis a vossa pobreza! Não a abominaríeis, não, mas a abraçaríeis e a estimaríeis!
Não quero dizer com isto que se Deus, no decorrer do tempo, vos abrir uma estrada para melhorar um pouco a vossa sorte devais fugir ou não possais aproveitar, isto não. Quero dizer que, se Deus não vos abre esta estrada, não desespereis, ao contrário, não vos queixeis mas antes sejam contentes de ver que Ele vos quer pobres como Ele e que gosta que lhe façais companhia em sua pobreza e que talvez ainda em seus desprezos para ter-vos depois mais próximas em sua glória. Se esta estrada se abre, aproveitai-a, mas temendo e tremendo que vos leve pouco a pouco à perdição... (1012)

“. . . A diferença substancial está em que as Filhas de Maria acostumadas a uma vida muito frugal ( . . . ) podem ir naqueles pequenos lugares e em pequenos hospitais nos quais as Filhas da Caridade não podem ir. . .”. (1058)

“ . . . as Filhas de Maria têm como objetivo exercer aqueles trabalhos caritativos cultivados pelas Filhas da Caridade instituídas por São Vicente de Paulo, com a única diferença que, levando uma vida muito pobre, podem ir naquelas pequenas cidades e lugares nos quais, por falta de meios, não podem ter as Filhas da Caridade . . .”. (1128)




4.9

“Desprendimento de nós mesmos, não só nas coisas materiais e temporais, mas também nas espirituais o que é um grande passo, difícil para todos, especialmente para as pessoas de retiro”. (699)

“Guardai-vos das muito espirituais (quero dizer daquelas que para cultivar um ‘beatismo’ transcuram o próprio dever, não se preocupam por seus ofícios) como de uma verdadeira peste para o Instituto”. (828)


Art. V° - Comunidade Perfeita

“. . . as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga, na pobreza, na obediência e na comunidade de vida . . .” (387)

“Procurai conservar a bela harmonia e a paz das quais me falais, pois, depois da graça de Deus, é o melhor tesouro”. (528)

“Por isto não pode ser Filha de Maria, entre a quais a pobreza, a perfeita comunidade e a prontíssima obediência são a substância primária que constitui o Instituto e o tripé que o sustenta”. (551)

“Quando não fores legitimamente impedida, deveis estar, não só pronta, mas ser a primeira em todas as observâncias da comunidade”. (717)

“. . . sabeis bem que não poderiam ser menos de três, para que ali haja um pouco de observância”. (854)

“ . . . ocupai-vos em arrancar o germe da desunião que o demônio, certamente, conseguiu semear em nosso pobre Instituto. . .” (900)

“ . . . Afastemos as suspeitas por caridade, afastemos as suspeitas! Para o andamento de um Instituto, pode ter coisa pior que a divisão? “ (903)


5.5

“Suma caridade das Superioras com as Irmãs, mas sumo respeito das Irmãs com suas Superioras, que se evidencia: 1. na obediência pronta, cega, voluntária; 2. em compadecer e desculpar seus defeitos e falhas; 3. em não falar jamaismal delas”. (699,5)

“ . . . A Madre poderia, de vez em quando, raramente permitir, ao contrário ela mesma ordenar estas coisas como remédio, ou seja, para revigorar e fortificar as Filhas quando as vê tristes e abatidas. . .” (921)

5.7

“E enquanto se faz a oração em comum, procurai estar e permanecer como conseguirdes, lendo ou mesmo pensando outra coisa e até divagando . . . mas sempre protestando que querei rezar, que tendes intenção de rezar e que estais unida às vossas Irmãs, aliás, a toda a Igreja”. (700)



Art. VI - Obediência Cega

“Ao contrário, vede e examinai, repreendei e com tanta maior liberdade quanto vedes que acolhem de má vontade. Sabei o que escrevi à Madre e basta. Lembrai que se requer um mão firme, de tempos em tempos. Obedecei vós também nisso e após, prestai-me contas de tudo”. (229)

“Parece-me, porém, qua a obediência cega não deveria fazer tantas objeções. Não deixeis de dizer àquela Madre que recebestes de mim esta ordem. Falo-vos assim, pois estou cansado de obediências e resistências ..” (232)

“Quando o superior é legítimo e bom católico, quero dizer, não suspeito de heresia, nem de doutrinas contrárias ao espírito da Igreja, o que significa se mantém boas relações com seus principais ministros que são o Papa e o Bispo, suas ordens devem ser aceitas como as da Igreja; e se deve dar tanta atenção às suas palavras, ou seja, à sua orientação, como a uma emanação ou declaração do prórpio Evangelho, pois a Igreja e o Evangelho falam às Comunidades religiosas, através dele. Podeis conservar este princípio como bom e seguro desde que o Superior não esteja em contradição com os ensinamentos da Igreja”. (233)

“Querem fazer-me Bispo de Bobbio de todo jeito. Eu apresentei todas as dificuldades que o Senhor me fez conhecer . . . Não me pareceu bem obstinar-me, a fim de não me opor à divina vontade: já que ensino a obedecer, não convém que eu desobedeça . . . E as Filhas de Maria?
Se as Filhas deMaria são caras a Deus e a Maria, melhor, se as Filhas de Maria forem boas e dignas deste nome, irão sempre adiante e prosperarão ainda mais. Eu velarei sempre por elas, como minhas e as dirigirei, mesmo de longe, desde que me queiram obedecer”. (259)

“E depois, se não muda, não sabe obedecer. Eu o considero como um santo, mas até agora lhe falta a obediência cega”. (305)

“. . .procurai de crescer na obediência . . . E quanto à obediência, faço-vos refletir justamente quanto estais atrasada . . . as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga . . . na obediência . . . Desejáveis saber como podeis fazer-vos santa, melhor, perfeita ... Eis: sede obediente . . .”(387)

“Por isto não pode ser Filha de Maria, entre a quais a pobreza, a perfeita comunidade e a prontíssima obediência são a substância primária que constitui o Instituto e o tripé que o sustenta”. (551)

“Quando há tempestade é necessário agarrar-se como dá; ao final, o grande timão que nos pode salvar é sempre a obediência. A oração é boa, a confiança em Deus ainda mais, a humilhação, ótima; mas se falta o timão da obediência, pouco podem ajudar . . . Dizei-me: se perdeis o timão da obediência, que vos sobra? Este é seguro porque inclui a promessa do Senhor:”Quem vos ouve a Mim ouve”. Credes que o confessor se engane. Mas que perdeis obedecendo? Podereis sempre justificar-vos diante de Deus e dizer: “Senhor, eu vos obedeci em vosso ministro”. Mas eu desejo ir além. Suponhamos que estais certa. Que perdeis obedecendo? Que ganhais desobedecendo? Ao obedecer vós vos colocais no caminho da salvação; ao desobedecer, no da perdição. Portanto, mesmo se vos deveis condenar, como diz vossa cabeça, é sempre mais vantajoso tomar o partido mais seguro, para que não se cumpra depois o que agora temeis somente.
Atenção, pois, obediência cega, pronta, corajosa, malgrado todas as fadigas, esforços e agonias que vos há de custar. Nosso Jesus para fazer a vontade do Pai, isto é, para obedecer, suou sangue e estava para morrer e talvez morresse, se não devesse esperar a morte mais dura da Cruz, sobre a qual morreu abandonado “. . . porque me abandonaste?” Vêde que obediência nos ensinou? “Feito obediente até a morte e morte de cruz”. Eh, coragem! Envergonhemo-nos de estar tão atrasados depois desta lição e após tantos anos que a estudamos!
. . . Obedecei cega, pronta e corajosamente e não importa que o façais com fadiga, com repugnância, com raiva (somente interna porém e quanto possível involuntária), permanecendo agarrada com a ponta da vontade à vontade de Deus na prova e, se o desejais, ou seja, se não tendes outro remédio, inclusive de modo desesperado”. (566)

“. . . tudo se obtém com a bondade, com a obediência, etc . . .” (664)

“ Fazer-se santos inclui muitas, muitíssimas coisas, mas os bons religiosos, quando possuem uma, têm tudo, pois tudo vem atrás dessa: mas essa é necessário que a tenham e a possuam bem, pois se vacila um pouco pode arruinar tudo. É como a viga princiapal que sustenta o teto de uma casa; se esta se quebra, tudo cai.
Mas, que será esta coisa tão importante? . . .
Minhas filhinhas, esta coisa importantíssima, necessária e, sem a qual, para as pessoas religiosas tudo se transforma em fumaça, é a obediência! . . . Já o sabeis, sim, o sabeis, estou certo; mas há tantas coisas a considerar que nunca se sabe demais.
1. Para ser bons religiosos e religiosas, não basta qualquer obediência, mas é necessária a que tenha as três grandes qualidades: cega, pronta, voluntária. E isso também sabeis e o lestes e vos explicaram; mas eu temo que não o saibais bem, ou ao menos não suficientemente. Portanto, estudai-o de novo e ruminai-o bem, e temei sempre esquecer algo.
2. Uma coisa é conhecer a obediência e saber suas qualidades e outra é colocá-la em prática e sempre acompanhada das mesmas. Examinai-vos sobre as vossas obediências, mesmo as mais comuns e vereis que, quando não faltava uma, faltava outra e quem sabe, por vezes, todas. Se notais que vossa obediência em geral possui estas três qualidades, avante! Ficai alegres e agradecei a Deus e a nossa boa Mãe que vos alcançou tal graça.
3. Tal obediência seria necessário tê-la em tudo, mas de fato em tudo, compreendeis, filhinhas?! Diz-se facilmente, mas quando surgem certas obediências totalmente contrárias às nossas inclinações, ao nosso gênio, ao nosso gosto, ao nosso amor próprio e mais se se vestem de santidade . . . é um bocado para santos, hein?! Que vos parece? Pensai a respeito.
4. É necessário obedecer sempre, até a morte. Isso também se diz facilmente, mas é necessário ir à prática. Vedes nosso Divino Mestre: Faz-se homem, nasce em uma gruta, vai mendigando, vive com dificuldades, é perseguido, escarnecido, caluniado, flagelado, coroado de espinhos, crucificado, morto e supeultado! Fez tudo, mas fez tanta violência a si mesmo que, para ir adiante voluntariamente, suou sangue. Minhas filhinhas, talvez não sangue, mas para ir adiante e obedecer sempre bem e perseverar até o fim, disponde-vos a suar mais de uma vez. Se chegardes à coroa, sem antes ter suado para obedecer, será uma graça singular qua talvez podeis esperar, mas não pretender.
. . . Rezai para isso, para isso estudai, sobre isso examinai-vos seguidamente e até todos os dias. E não vos contenteis com um exame superficial, mas analisai bem. Vede se em vosso obedecer costumais ser “cegas”, isto é, se obedeceis sem buscar o porque da obediência que realizais. Se sois “prontas”, sem interpor demora, sem apresentar dificuldades, se correis, se voais, impacientes por obedecer logo e tão bem quanto podeis. Se obedeceis “voluntariamente”, quero dizer, unindo vossa vontade a dos Superiores e Superioras e, por meio destes, à vontade de Deus, esforçando-vos por fazer, quanto seja possível à nossa debilidade, que nunca apareça um ânimo, um gênio, uma inclinação contrária. Por isso, não dor, não má vontade, não tristeza ou melancolia, muito menos lamentações, murmurações, etc... mas ao contrário, hilaridade, serenidade, tranquilidade”. (686)

“Que fazemos então? Ir-nos? Mas, se não temos razão! E se ocorresse a ruína do Asilo e de tantas pobres jovens? E, não há dúvida de que as Filhas de Maria sairiam perdendo. E então? Então permanecer e obedecer; obedecer de bom coração, pois o Dono é Dono e assim o quer. Talvez fará mal suas contas, mas ele crê fazer o bem. A nós interessa fazer o bem, mesmo menor, antes que, por querer fazer mais, colocar-nos em risco de não fazer nada e, ao contrário, causar o mal”. (687)

“. . . ao mínimo aceno da obediência, todas, mas todas, devem silenciar. Venha mesmo um pouco de comoção, algo de borrasca, ou até grande tempestade em vosso rosto e em vossa mente tudo deve ser sereno, tranqüilo, obediente. Digo-vos assim claramente, pois até o presente a coisa foi bem diversa. As pobres Regras não eram observadas, a pobre obediência sabe Deus como era vivida e repeito ao vosso dever, eu não sei outra coisa, mas . . .! Fazei que no futuro não seja mais assim: ou por amor ou por força obedecei, ou por amor ou por força observai, ou por amor ou por força cumpri vossos deveres como Filha de Maria; mas ainda mais como Madre, velai sobre vossas súditas e ajudai-as a fazer-se santas, caminhando à frente com o exemplo, sobretudo da Santa Comunhão. Atendei ao Noviciado e procurai vestir boas Filhas, não tanto ricas como virtuosas e, sobretudo para as Conversas, observai as novas Regras que vos enviarei, já que até aqui andamos mal, mal, mal!
Será melhor, portanto, que deis também nisso aquela prova de obediência que não destes até agora e que, na primeira oportunidade que tiverdes, suprais o que tendes omitido.
Tudo deve servir à glória de Deus: mas se duvidais, fazei-o por obediência cega e pronto”. (828)

“. . . espírito de humildade, de obediência e de pronta abnegação, que é a verdadeira alma dos Institutos deste tipo e, sem a qual, se tornam corpos inúteis ou até prejudiciais tanto para a Igreja como para a sociedade”. (855)

“O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza, a dependência e sobretudo a obediência, sem a qual não há religião . . .” (915)

“. . . A pobreza é necessária, a mortificação também, mas a obediência é a mais necessária de todas . . .”(921)

“Saibais portanto, que em todas as religiões existe a obrigação da obediência e obediência cega e todos devem obedecer aos superiores como a Deus, menos as coisas que são mandadas por Deus mesmo, em tudo se colocam ao seu parecer. Quanto aos preceitos da Igreja, os Superiores podem decidir quando seus súditos não são obrigados, ou também dispensá-los quando cressem oportuno. . .
Deixai-me sair um pouco do argumento aproveitando a ocasião do jejum e da obediência com a qual deveis observá-lo para recomendar-vos esta santíssima virtude, tão necessária às pessoas religiosas. Onde não há obediência cega e pronta não há religião; e se as Filhas de Maria não têm essa virtude são até menos que as mulheres seculares as quais infelizmente devem ser obedientes e submissas. Exatamente porque os vossos exercícios cotidianos não vos permitem exercitar-vos em jejuns e penitências deveis ser mais premurosas e exatas no mortificar o espírito e dominar o amor próprio o qual não se vence e não se mortifica como quando se faz tudo por obediência. Ah! Se compreendésseis bem o grande mérito e a sorte que tendes em obedecer e em sempre obedecer, não quereríeis nem mexer um dedo, nem movimentar um olho se não fosse tudo, com a dependência, com obediência. . . .
E vós que de tempos em tempos sereis destinadas a ser Madre Superiora, recordai-vos destas coisas e deixai-vos atormentar. Se encontrais quem não ama a obediência e a dependência não a perdeis de vista. Avisai-a, instrui-a, exortai-a antes e depois repreendei-a, ameaçai-a, dai-lhe uma punição até que a tenhais reduzida. E se alguma fosse incorrigível, denunciai-a a quem se deve como infecta e não tolerável . . .” (923)

“ . . . Sede prontas a ir em qualquer casa e qualquer obra por pobre que seja se a obediência vos manda . . . A obediência tanto no muito como no pouco, tanto no cômodo como no incômodo... (1010)

“Obediente por princípio entendo aquela religiosa que se deixa guiar como cega pela santa obediência, e isto o faz com tanta prontidão, alegria e simplicidade de espírito quando obedeceu lhe parece ter feito tudo e confia que, continuando a fazer até a morte, morrerá santa”. (1048)
“ . . . obedecei, ajudai-vos o mais que podeis e ides adiante . . .”.(1113)

“ . . . Resta que vós por primeira a tomasse bem e inclinando a cabeça reconheçais na vontade dos Superiores aquela de Deus. . .” (1124)

6.2

“Quando vistes que vossas desculpas não foram ouvidas e que todos estão contra vós, não devíeis continuar teimando; e se vos parecia agir mal ao obedecer, era necessário escrever em seguida, ou a Chiávari ou a mim. . . e lhe que vós . . . estais prontíssima a obedecer”. (593)

6.4

“. . . quanto às Irmãs, creio que não se deva comunicar senão ao momento de realizá-lo, para que não percam o mérito da obediência cega e da prontidão às ordens dos Superiores”. (801)

“ . . .o delicado governo das Irmãs de Caridade não é compatível com todas as regras dos serviços seculares, mas se requer normas particulares e tais que excluam as medidas por eles adotadas (por outro lado sapientíssimas) na mencionada deliberação; que pode ser necessário ordenar que uma parta no momento e sem que nem sequer as outras saibam (eles são suficientemente inteligentes para saber que estes casos podem ser muitos, de vários tipos e por diversas razões) e não se poderia nem prevenir a Adminsistração e nem esperar suas deliberações . . .” . (855)

Apanhado de cartas sobre a “obediência cega ao diretor espiritual” por particulares situações de escrúpulos:

“Direis que é exatamente a obediência que mais detestais, mas não importa. Podeis detestar a obediência e obedecer do mesmo modo; como um doente que se revolta ao ver o remédio e , no entanto, o toma para sarar. Sobretudo, obedecei na vida comum, na comunhão, no fazer o bem, malgrado a blasfêmia e tudo o mais; pensai o mínimo possível em vossa situação e procurai que a comunidade não perceba o vosso estado. Finalmente fazei este ato de submissão a mim como vosso Diretor, isto é, de crer que não desejo vos enganar e que, procurando obedecer, terminará a borrasca e retornará a bonança.
Quereria também que, tanto ao Senhor, como a Nossa Senhora dissésseis assim: “mesmo que eu não creia e não espere nada, quero porém crer e esperar tudo, mesmo por força, para obedecer. Creio e espero que, quando vos agrade, terminará tudo. Obedeço e na obediência, não pretendo pecar, ainda que assim me pareça, porque a obediência deve ser cega e quanto mais cega e mais dura, tanto mais meritória. Maria, sustentai-me; Jesus, ajudai-me!” Dizei-o com freqüência.
Gostaria de poder vos satisfazer e o faria: não somente vos faria Conversa, mas vos colocaria entre as Penitentes, pois não seria mal. Mas sabeis que não posso. Recordai, porém, que se o Senhor vos quer carregar com uma cruz, tanto o fará se sois Conversa, Penitente ou Madre.
Portanto, coloquemo-nos de acordo: Obedecei! . . . (577)

“Se tendes ainda uma fé mínima, espero que estas considerações vos tragam paz e que que retomeis a obediência com muita boa vontade. Obedecei como podeis, mas obedecei cega, ‘ceguíssima’ e contra todos os ventos, pois algumas vezes Deus assim quer e permite”. (595)

“Obediência e paciência. Exigir a primeira quanto se pode e sempre, mostrando-lhes que não há outro caminho. Exercitar muito a outra, ao procurar animá-las e encorajá-las no padecer”. (605)

“ . . . todas as coisas de que me falastes, são como nada para mim; eu as considero zero, e só me preocupa que não sabeis obedecer. Eu as tomo sobre mim, mas vós, obedecei!” (658)

“ . . . sabei que o remédio para vossos males não é este. O grande remédio é a obediência pronta, cega, ‘ceguíssima’. Eu vos escrevi que é preciso sorver o cálice até a última gota e vo-lo repito. Vós me respondeis que, ao invés desta resignação, sentis justamente o contrário. Eu vos digo que compreendo que sentir tudo ao contrário é exatamente o mais amargo do cálice; são verdadeiras ‘fezes’: mas é isso que é necessário tragar: resignar-se a não ser resignado! Agarrar-se à cruz e aos pés de Jesus Cristo e estar ali . . . malgrado toda a raiva, todo o despeito e furos que proveis, seja em vós que nEle; e ter viva fé, pois agradará muito a Deus esta vossa fé, esta vossa constância, esta vossa adesão, esta vossa esperança. É a esperança de Abraão, minha filhinha, o qual, diz a Escritura, ‘credidit in spem contra spem’ (creu contra toda a esperança)”. (665)

“ . . . constante na obediência ao confessor . . . Dissestes que obedeceríeis a quanto vos falasse, como se viesse de Deus: Veremos. . . Quereria um pouco mais de humildade e de obediência cega”. (700)

“. . . tratai de obedecer, isto é, começai a obedecer em tudo e por tudo, cega e prontamente . . .
Obedecei e e observai todas as Regras, digo todas se não estiveres legitimamente impedida. Com esta obediência, mesmo estando no inferno, espero que ao final vos encontreis no Paraíso; caso contrário, recordai que o Senhor não tem necessidade de ninguém e há de acontecer-vos o que acontecerá. Não podereis queixar-vos senão de vós, se ‘não tiverdes obedecido cegamente’, compreendeis?. . .
Concluamos, pois: tanto se viverdes, como se morrerdes. . ., digo mais: tanto se vos salvais, como condenais, obedecei! O Senhor me inspira que se quereis ir bem, deveis dizer a vós mesma: ‘Obedece que te salvarás, como te dizem os Ministros de Jesus Cristo, embora te pareça estar condenada. Mas, mesmo se te perdesses, obedece! Padecerás muito,muito menos, por ter obedecido. Ao menos não terás o eterno remorso de não ter querido obedecer, vendo que fazendo isso poderias te salvar e inclusive fazer-te santa’. Aprendei de cor estas palavras e repeti-as muitas vezes, especialmente quando tiverdes dificuldade para obedecer.
O Senhor vos abra os olhos para conhecerdes a necessidade que tendes de obedecer, pronta e cegamente, sem análises, como eu lhe suplico, abençoando-vos”. (717)

“ . . . Pretendo que sejais obediente e observante em tudo e por tudo, ao menos materialmente. Perguntar-me-eis que vos ajudará esta falsa obediência, esta aparente obsrvância e vos parecerá impostura, hipocrisia. Respondo-vos que seja o que for, obedecei! Estar encolhida em um canto, ou na capela, estar no recreio com as outras, ou mesmo dar voltas e fazer de louca, para o corpo deve ser igual.Para a alma será o que for (a vós não cabe pensar, cabe obedecer), mas podeis dizer: obedeci.
. . . Apenas terminada de ler esta, se não quiserdes que me lave inteiramente as mãos, começai a obedecer e a observar tudo, do melhor modo possível. E se antes de terminá-la bate bate o sino, ou é hora de uma observância comum, não termineis de ler . . . compreendeis? Não termineis de ler e voai”. (728)

“Fica ainda que vos humilheis acreditando naquilo que vos direi e obedeçais . . .”(1177)



Art. VII – Desprendimento de tudo
7.1
“ . . . dir-vos-ei que não tendes necessidade senão de uma firme e estável resolução de acabar, de uma vez por todas, com o cego amor próprio e de entrar decisamente na via do Senhor, com ânimo franco, livre, resoluto, isto é, unicamente desejosa de encontrar Cristo e somente a Ele seguir. Certo, vereis (como já vistes) que esta estrada ao início é dura, pedregosa, coberta de espinhos e em subida; mas exatamente por isso é mais segura e aqui, com certeza O encontrareis. Qui vult venire post me, abneget semetipsum. Este é o primeiro passo, o ingresso indicado por Ele mesmo: Negar a si mesmo é o mesmo que dizer fazer sempre o contrário do que sugere nosso falso amor próprio. Compreendeis esta linguagem? Se fazeis uma coisa com gosto (exceto se vos fosse ordenada), exatamente por isso (que vos satisfaz), deveis evitá-la, ou ao menos desconfiar dela: se fazeis outra de má vontade (desde que não fosse proibida), deveis abraç160-la; mais ainda se vos fosse ordenada. Bons, pois, para vós, todos os livros que vos aborrecem, se vos são aconselhados; bons os lugares que vos entristecem, se ali vos chamam; bons os trabalhos que mais vos pesam, se vos são dados; bom o Confessor que mais é contra o vosso gênio, se vos é destinado por Deus. O pior lugar, o pior livro, o pior ofício, o pior Confessor é justamente o que mais vos serve. Encontra-se Cristo, com certeza, negando a si mesmo: Qui vult venire post me, abneget semetipsum”. (11)

“Acabemos de desprender-nos do mundo e doar-nos a Deus e tudo é feito”. (307)

“Eu digo não porque creia que vens animado por um olhar terreno, mas porque ao contrário possas vir precavido e forte com um espírito inteiramente desinteressado e santo, como é de se desejar em todos os lugares, mas que entre nós é absolutamente necessáriio para fazer o bem”. (319)

“Desprendimento de nós mesmos, não só nas coisas materiais e temporais, mas também nas espirituais o que é um grande passo , difícil para todos, especialmente para as pessoas de retiro”. (699)

“Procuremos purificar sempre mais o espírito e o coração da terra, que sempre nos atrai e macula. Aprendamos a não aspirar mais que a Deus e ao Paraíso . . .” (736)

“. . . é sempre melhor salvar as almas e contentar a Deus que contentar ou não aborrecer um amigo. . .” (778)

“Entre as vossas resignações tenha também aquela de viver e de morrer, viver sã ou enferma, fazer ainda muito bem ou ser impotente, respeitada ou desprezada, cuidada ou abandonada, amada ou odiada e ainda a voltar a ser Vigária como antes! Não digo isto porque eu não gostaria de fazer uma outra; mas. . .! bem sabeis como estamos. Reza ao Senhor para que mande alguma apta e penso que a farão em seguida e eu me alegrarei”. (1098)

7.2

“Tendo em conta as circunstâncias, aprovo, aliás, louvo vossa detrminação de mandar a Irmã Maria Felice cuidar de sua Mãe, embora esteja de acordo com a Madre quanto ao princípio, já que não convém abrir precedentes como este. Mas a Mãe está sozinha, abandonada e nas últimas, sendo bem difiícil que que se encontre um caso igual; e, se acontecesse, faça-se o mesmo. Acrescente-se que a tinha abandonado e que por isso ela ficara meio doida. Acho que Deus o permitiu também para que aquela pobre mulher, antes de morrer, pudesse ver que, se a filha a tinha abandonado para consagrar-se a Deus, não deixava de ser sua Filha: as Filhas de Maria, consagrando-se a Deus, não se tornam nem desumanas e nem irracionais”. (529)



Art. VIII – Dependência em tudo

“ . . . O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza, a dependência . . . sem as quais não há religião . . .” (915)

“. . . ao menos, ao menos, praticai a dependência até dentro d’água . . .” (921)

“. . . E aquela bendita dependência que talvez ainda vos pesa (não creio que a todas) oh, como a amarríeis se a conhecesseis bem. Em vez de vos incomodar quando deveis depender, choraríeis quando as Superioras vos mandam agir sem elas. É suficiente saber que os santos quando não tinham Supeirores dos quais depender, dependiam dos Irmãos conversos e até do ajudante de cozinha.
Eia pois, minhas filhinhas fazei aquilo que talvez não tendes feito perfeitamente até aqui. Ainda quando poderíeis fazer algo sem a dependência não a façais, a menos que a obediência vô-lo proíba, dependei em tudo, em tudo, em tudo. Felizes de vós se o fizerdes! Parece-me de garantir que vos fareis santas.
Assim que, quando o Senhor vos manda Superioras rigorosas quanto à obediência e dependência, agradecei-o como o mais belo dom que possais desejar; e quando tivésseis alguma um pouco indulgente, chorai e fazei penitência para que Deus livre a vós e àquela casa daquele castigo. E quando as Madres se mostram cansadas ou entediadas ou incomodadas das vossas dependências, compadecei-as em vosso coração, entretanto não as perdoeis e nem deixeis de atormentá-las em todos os tempos e em todos os lugares se não vos dão expressa obediência em contrário.
E vós que de tempos em tempos sereis destinadas a ser Madre Superiora, recordai-vos destas coisas e deixai-vos atormentar. Se encontrais quem não ama a obediência e a dependência não a perdeis de vista. Avisai-a, instrui-a, exortai-a antes e depois repreendei-a, ameaçai-a, dai-lhe uma punição até que a tenhais reduzida. E se alguma fosse incorrigível, denunciai-a a quem se deve como infecta e não tolerável . E para ir adiante com o exemplo e não perder o grande mérito de depender e obedecer, dependei não só da Madre Geral ou de quem estiver à frente, mas da Vigária ou das outras Assistentes e algumas vezes até das conversas. . .” (923)

“ . . . A dependência. Os pobres não se incomodam em depender dos patrões e pedem por caridade e procuram movê-los à compaixão com orações, com lágrimas, com humilhações; sofrem rejeição, maus tratos, vergonha contanto de obter socorro. Por isso, nossas Regras recomendam tanto essa virtude também às Superioras. Segurai-a firme e praticai-a se quereis ser pobres e fazei-a observar sempre por todas e tendes certeza que terminada a dependência é terminada a pobreza religiosa, ou seja, o amor à pobreza”. (1010)

Art. IX – Modéstia Universal

“Acrescentarei ainda que, mesmo em vosso exterior, no vestir, no falar, no conversar e em tudo, tanto sós como acompanhadas por poucas ou por muitas, deveis procurar comportar-vos de tal modo e com tal modéstia e humildade que demonstrem estardes fazendo o mês de Maria. Seria desejável que também exteriormente vos assemelhásseis, se assim posso dizer a outras tantas virgenzinhas. Sereis então verdadeiras Filhas de Maria”. (242,9)

“Talvez possa parecer vaidade, mas não a meu ver. Do primeiro encontro depende muito e se forem bem vistas terão maior autoridade para fazer o bem e Deus será mais louvado: Uma coisa é ser modesta e despretensiosas; outra é que pareçam bobas e incapazes”. (812)

“. . . Devem ser evitados todos os excessos e bem sabeis que prefiro que vos excedais em amabilidade e em dar confiança do que na gravidade e na reserva. Recomendo de acolher a todas, admitir a todas e preocupar-vos para que todas vos abram o coração, em especial nas necessidades do espírito. Neste ponto sede generosa, criativa, humaníssima. Também nisto, porém, evitai os excessos”. (828,3)

“E quanto à humanidade e às boas maneiras, minha filhinha, é necessário usá-las um pouco mais com as pessoas de fora. Talvez não notais e não sei se alguém já vos fez notar, entretanto os chiavarenses não estavam muito contentes com vossas maneiras altivas, como vosso modo sério, reservado e um tanto áspero que usáveis com freqüência”. (828,4)


“. . . o recebam com muita cortesia e afabilidade da qual temo que a Madre (talvez por uma espécie de escrúpulo) falte muito”. (895)

“Não penseis de andar verdadeiramente bem se não observais as Regras quanto possam ser observadas em um hospital. O silêncio, a modéstia, o retiro . . . sem os quais não existe religião”. (915)

“A modéstia e a castidade. É um verdadeiro milagre quando estas duas virtudes se encontram acompanhadas do cômodo e da abundância”. (1010)

“. . . Deis exemplos não ordinário de modéstia, de mortificação, de retiro . . .” (1099)

IX.12

“Falando em geral, serão sempre meigas e pacientes, mansas com aquelas desgraçadas, certas de que só com uma imensa caridade, doçura e paciência ganharão aquelas almas. Além disso, mostrar-se-ão alegres sempre; mostrar-se-ão um pouco sérias apenas com aquelas que fosse incorrigíveis ou indóceis”. (509)


Art. X – Amor ao Trabalho

“Rezai sim, mas trabalhai e disponde-vos a trabalhar”. (259)

“Não queixar-se nunca, ao contrário, mostrar-se contentes (e ser de verdade) quando alguma coisa na comida, na bebida, no vestuário, na cama, no quarto, ou no trabalho não nos agrada, não vai de acordo com nosso gênio ou nos repugna. Oh, é belo louvar a Deus porque o nosso amor próprio, o nosso gosto é mortificado e sentimos um pouco a santa pobreza!. . .
Amor ao trabalho. Quem é verdadeiramente pobre e por amor não se cansa de trabalhar. . .” (1010)

“. . . Deis exemplos não ordinários de modéstia, de mortificação, de retiro. . . de trabalho e de uma singular piedade. . .” (1099)

“Os vossos limitados exercícios de piedade unidos às santas ações de vossa vida ativa pela saúde das almas, vos ajudarão muito mais.
Pensais que o Senhor era menos santo quando trabalhava em casa com Maria e José, do que nos três dias que esteve no Templo ou nos quarenta dias que habitou no deserto? Para nossa instrução, diz o Santo Evangelho que quando estava trabalhando em Nazaré crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens, quando ao invés no deserto, foi tentado pelo espírito infernal.
. . . eis pois, qual deve ser a pobreza espiritual de uma Filha de Maria. Estar pronta a deixar tudo, também as coisas espirituais (entende-se, menos as prescritas) para atender as coisas do Instituto, para fazer o próprio dever, para cumprir aquilo que comporta o próprio trabalho.
. . . Sejais vós portanto solícitas de tornar-vos soltas, francas, livres e donas de vós mesmas. Amai todas as coisas de piedade e devoção, mas conteitai-vos somente daquelas que podeis praticar, ao contrário alegrai-vos em vosso coração quando Deus dispõe que deveis deixá-las para dar-vos às obras todas santas de vosso Instituto. Digo, todas santas, porque todas o são verdadeiramente também as mais humildades, as mais comuns, as mais serviçais como aquelas das conversas porque são todas unidas e ligadas e uma sustenta a outra e portanto uma valoriza a outra e comunicam-se reciprocamente o mérito.
. . . Se a ocupação for mais trabalhosa, difícil deveis acolhê-la com entusiasmo; mas contento-me se não criardes desculpas, dificuldades, cara feia e não tiverdes murmurado”. (1121)


Art. XI – Amor ao Retiro

“Tendo em conta as circunstâncias, aprovo, aliás, louvo vossa detrminação de mandar a Irmã Maria Felice cuidar de sua Mãe, embora esteja de acordo com a Madre quanto ao princípio, já que não convém abrir precedentes como este. Mas a Mãe está sozinha, abandonada e nas últimas, sendo bem difiícil que que se encontre um caso igual; e, se acontecesse, faça-se o mesmo”. (529)

“O Senhor Orsolini não percebeu que, embora as Filhas de Maria não sejam monjas de clausura, são porém, do gênero das monjas e, no que comporta a seu Instituto, é preciso tratá-las como monjas ao menos em casa e no mínimo na casa matriz”. (883)

“Mantenhai-vos inflexível no ponto da absoluta não comunicação entre a Igreja e o Conservatório, já que eu não cedo neste ponto . . .
Mas para obter este perfeito isolamento é preciso retirar também a necessidade do acesso”.(884)

“Não acrediteis nunca de ir adiante realmente bem se não observais as Regras o quanto se pode observar em um hospital. O silêncio, a modéstia, o retiro. . . sem os quais não existe religião”.(915)

“Fiquei sabendo através da vossa última carta que essses senhores administradores do hospital e da Casa de Acolhida não vêem com muito agrado a Regra das Filhas de Maria de não receber visitas de pessoas seculares quando estão doentes; mas pela razão que me dizeis ter apresentado ao Sr. Secretário, tenho receio que não vos explicastes bem e que por isso eles não entenderam bem o espírito de tal Regra. Quando vos disse que poderia acontecer que o Sr. Presidente ou algum membro do Conselho tivesse que tratar com a Madre, devíeis responder que nesse caso, não seria uma visita, mas uma necessidade de falar com ela; e que a Regra proíbe as Filhas de Maria de receber visitas, mas não de ouvir um dos senhores administradores quando houver necessidade ou outra razão pelo bem da obra. Procurai a seu tempo e lugar de fazer compreender bem essa coisa e estou certo que nenhum deles tomará esta Regra no sentido negativo que tão bem condiz com vosso estado, sem impedir absolutamente o bem das obras às quais sois destinadas”. (1030)

“Embora sejam educadas sobre o fazer das Filhas da Caridade, quer dizer, desenvoltas, sem preconceitos, prontas a sair, a cuidar dos doentes, a conversar indiferentemente com todos, se houver necessidade, etc. . .; De todos os modos sempre recomendei o amor ao retiro e não têm como regra sair a passeio. Alguns me dizem que isso é arriscado para a saúde e que não resistirão, ainda mais onde não tem um horto ou outra ocasião para movimentar-se e onde o ar é mais poluído e insalubre. A razão me persuade,mas por outro lado, vê-las passeando pela rua não me agrada. Embora as Filhas da Caridade o façam, não penso que seja a melhor coisa. O caso é que de vez em quando alguma delas sai e se casa. Não há porque se escandalizar mas as pessoas não ficariam edificadas com isso. Parece-me, ou seja, eu estaria inclinado a adotar caminho intermediário, que seria o de fazê-las sair nos dias de folga convidando as alunas que gostariam de ir com elas, ect... . Obteremos a finalidade, fazemos um bem a mais e talvez não pequeno e diante das pessoas a coisa pareceria bastante justificada”. (1058)


“. . . Deis exemplos não ordinários de modéstia, de mortificação, de retiro. . . de trabalho e de uma singular piedade. . .” (1099)


Art. XII - Amor ao Silêncio

“Escutai-as, respondei com doçura e boas maneiras e não façais sentir que perdeis o trabalho, ou a Missa, ou a oração, ou outra coisa”. (839)

“O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza . . . sem os quais não existe religião”. (915)


Art. XIII – Caridade Paciente

“As visitas que nos dias festivos faziam ao Hospital Civil e a caridade que usavam com os enfermos, levou a Comissão Administrativa a chmá-las para a Direção imediata do Hospital e ao cuidado dos doentes.
A cidade de La Spezia foi, por outra parte, testemunha da generosidade com a qual quatro destas Irmãs expuseram a própria vida, sem interesse ou outra motivação terrena, para salvar e aliviar os míseros colerosos; viram aqui, VV.Sas. Ilmas., duas que arriscaram sua vida para salvar a destes infelizes (e todas teriam acorrido, se houvesse necessidade).
Mas isso não é tudo. Algumas pessoas recorreram às Filhas de Maria para que acolhecem algumas educandas, e são já em número de oito além das que o aspiram há algum tempo. As Filhas de Maria conheceram outras jovens infeliães, que o descuido ou a falta dos pais e sempre a infausta miséria, arrastavam à corrupção dos costumes e à verdadeira perdição. Elas não hesitaram em chamar algumas a si e deram esperanças a outras de que quando conseguirem uma moradia maior, também serão acolhidas”. (182)

“Dirige-se, portanto, primeiramente ao bom coração dos já seus chiavarenses, que são as testemunhas do ótimo espírito que sempre as animou, em todas as obras de caridade que se ofereceram ao seu zelo . . .”.(475)

“Desagradar-me-ia se não fossem cuidadas quando enfermas. Espero que já o façam, mas aproveitando a recomendação,direi que o façam.
As penitentes não estão internadas ali, para depois sair. Mas, se não querem mais ficar, que se pode fazer? Não tenho meios, nem vontade de conservá-las por força. Uma vez que saiam serão piores. Esparamos que não. . . Alguma age mal! E com isso? Não aceitar outras porque alguma não quis aproveitar? Isso não me parece conseqüente. Acrescento que, pelo menos enquanto estão ali, não fazem tanto mal. Além disso, mesmo saindo sem emendar-se, levam consigo as instruções e máximas que num momento ou outro poderiam operar nelas a conversão. O bem é sempre bem. Deus deixa de fazer-nos o bem porque abusamos? Pelo contrário, faz-nos sempre mais. Imitemos, pois, nosso bom Deus. Façamos o melhor que pudermos e depois deixemos que Ele providencie a tudo”. (666)

“6. Verdadeira paixão por salvar as almas, mas quando e como agrada a Deus; se não de outra maneira, com a oração.
7. Paciência indefessa em suportar os nossos defeitos e os do próximo e as contrariedades que Deus manda e, em modo particular ao atender os doentes”. (699)

“Neste mundo é necessário contentar-se de fazer algum bem, mesmo que pouco, e até, às vezes, o Senhor se contenta que somente o desejemos, procuremos e façamos quanto pudermos.Mas, quanto depende de nós, é necessário desejar ardentemente e fazê-lo e aspirar a relaizar tanto, tanto, de modo a converter e a salvar todo o mundo, se fosse possível. Depois, se não conseguimos nada, ou pouco, paciência:”fiat voluntas tua!” ”. (860)

“E primeiramente recordo a todos que ser missionário somente de nome não basta. É necessário ter o espírito que, sendo caridade, costuma ser, aliás, deve ser operativo “operatur enim magna, si est” (assim pensava São Gregório Magno), “si operari renuerit, nihil est”.
Sei bem que nem sempre se pode fazer o que se gostaria; mas, quanta coisa se faria se tivéssemos a verdadeira caridade, que agora não fazemos pois nos falta e nos iludimos de não poder”.(862)

“Se deixarem no Conservatório a filha logo na primeira noite, tenham a atenção de dar-lhes um pouco de sopa e de alguma outra coisa. Depois, este caminho é coisa a se fazer com todos também a título de caridade”. (895)


“A caridade, a qual vos ensinará a ser pobres de boa vontade, austeras consigo mesmas mas generosas com os outros, especialmente com os pobres e com os enfermos”.(1010,7)

“Diga pois, à Vigária que a esta coisa é preciso se acostumar e que o tome para seu bem; e que não olhe as desavenças, as ansiedades, etc... mas preferencialmente o grande bem que se faz e também a parte que ela terá nesse bem, se suportar pacientemente o papel de Marta que lhe será recomendado”.(1020)

“Embora sejam educadas sobre o fazer das Filhas da Caridade, quer dizer, desenvoltas, sem preconceitos, prontas a sair, a cuidar dos doentes, a conversar indiferentemente com todos, se houver necessidade, etc. . .” (1058)

“. . . Deis exemplos não ordinários de modéstia, de mortificação, de retiro. . . de trabalho e de uma singular piedade. Procurem fazer alguma coisa enquanto tendes tempo e fazei-vos ricas destes tesouros”. (1099)


13.3

“Falando em geral, serão sempre meigas e pacientes, mansas com aquelas desgraçadas, certas de que só com uma imensa caridade, doçura e paciência ganharão aquelas almas”. (509)

“. . . para obter temos de depor pretensões, lamentações, despeitos, duplicidades subterfúgios; requer-se paciência, boas maneiras, santa inventividade, bom ânimo e confiança . . . “(687)

“E quanto à humanidade e às boas maneiras, minha filhinha, é necessário usá-las um pouco mais com as pessoas de fora. Talvez não notais e não sei se alguém já vos fez notar, entretanto os chiavarenses não estavam muito contentes com vossas maneiras altivas, como vosso modo sério, reservado e um tanto áspero que usáveis com freqüência. Também eu, vede, soube disso este ano e tarde. Espero que acrediteis, aos vos dizer agora. Mas é assim, minha filha.Sabei que, se não estamos muito atentos, fazemos boa cara àquele que nos agrada e feia a quem nos desagrada e, portanto, acolhemos bem as pessoas que estimamos muito ou das quais esperamos receber algo; todas as outras mal, ou com certa indifierença, frieza, pressa e quase com inquietação e nos desculpamos ou com nossas ocupações ou com o aborrecimento que nos causam; em substância, é uma coisa má, é um defeito, é um vício que torna odiosa a pessoa que o possui. Todos desejamos ser bem acolhidos por todos, particularmente pelos Superiores. Que o Superior não nos atenda, perdoamos, mas que não nos receba bem, não sabemos perdoar. É, pois necessário que nós Superiores, recebamos bem, quero dizer com paz, com paciência, com calma e com suavidade as pessoas, mesmo as aborrecidas, mesmo as indiscretas, mesmo as impertinentes. É difícil, se requer uma grande virtude, uma grande paciência; e eu vos recomendo aquilo em que eu seguramente tanto falho. Mas é assim e precisa rezar, aplicar-se e esforçar-se até que chequemos . . .” (828,4)

13.6

“O que vos digo é que Deus vos quer melhor do que sois e que procureis portanto, crescer na verdadeira humildade, na paciência, na mortificação dos sentidos, na caridade, sobretudo com as co-Irmãs . . .”. (387)

“É necessário fazer um pouco de esforço para tirar a Maria Teresa de Marinasco. A Madre não está contente por nada e nem ela, lamentando-se muito pela saúde. Creio que lá ela já não está bem . . .” (509)

“Amai-vos sobretudo entre vós, ajudando-vos e compadecendo-vos em vossos defeitos. Corrigi-vos reciprocamente, mas com bons modos e perdoai-vos as ofensas e os desgostos que facilmente vos dareis pela vossa miséria e fragilidade. Amai-vos sobretudo e ajudai-vos a amar tanto, tanto Deus que tanto vos amou, desde a eternidade e que tanto vos ama e beneficia continuamente. Fazei-vos santas, se podeis!” (542)

“Por favos, tenhamos cuidado das doentes”. (663)

“Suma caridade das Superioras com as Irmãs, mas sumo respeito das Irmãs com suas Superioras, que se evidencia: 1. na obediência pronta, cega, voluntária; 2. em compadecer e desculpar seus defeitos e falhas; 3. em não falar jamais mal delas”. (699,5)

“Tende o cuidado de animar e promover a pobreza também nas outras; entretanto as Madres esforcem-se o quanto puderem e saibam para que não falte o necessário, o dêem com boa vontade e alegria e encoragem as jovens, as noviças, as mais tímidas e sobretudo as doentes a usufruir pois a pobreza cede seus direitos à caridade que é sempre generosa”. (1010,7)


13.7

“Ou por amor ou por força obedecei; ou por amor ou por força observai; ou por amor ou por força cumpri vossos deveres como Filha de Maria; mais ainda como Madre, velai sobre vossas súditas e ajudai-as a fazer-se santas, caminhando à frente com o exemplo, sobretudo da Santa Comunhão”. (828)

“. . . Sede Madre e basta! A paciência, a doçura, as boas maneiras, a caridade nunca podem ser demasiadas”. (839)


13.8

“Lamento, por um lado, ter tantas doentes; por outro, creio que é bom: o Senhor não se esquece de nós. Eu também estou um pouco impaciente por adquirir um cemitério para as Filhas de Maria . . .” (827)

“Alegro-me com a preciosa morte que teve a nossa boa Afonsa. Gostei que tenhais notificado a estas nossas Irmãs e procurais fazer isso com todas não somente para sufragá-la mas também para que sejam edificadas e aprendam a viver bem para morrer santamente. Direi que escrevas também a Ventimiglia, mesmo com mortificação, fazendo-o de bom coração, como escreveste para nós”. (886)







Art. XIV - Oração Contínua


“Dizei ao Senhor que vos mantenha unida a Ele, mesmo durante as conversações que deveis fazer. Não as tenhais sem necessidade e quando for necessário, tende a intenção de serví-lo e louvá-lo com a vossa língua e após terdes falado implorai sempre o perdão pelas imperfeições e talvez também pelas faltas cometidas”. (387)

“A maior dificuldade é a da oração, não tanto da oração em si, quanto pela perplexidade da Comunidade. Eu diria, pois, que de todos os modos que puderdes: com as palavras, por escrito, com sinais, ou apenas com aspirações internas, declareis diante de Deus que quereis rezar, porque a oração é necessária a todos, mas que enquanto Ele não tira o impedimento, O invocareis como puderdes, ou seja, que tendes a intenção de invocá-lo em tudo o que fareis pela sua honra, seja no cuidado aos doentes, seja ao escrever ou ao ler, seja ao fazer qualquer outra coisa conforme o espírito das Regras”. (700)

“Se vejo bem, o terceiro andar ficaria sem coro e sem tribuna. Se de fato não se pode, paciência; mas assim que se puder providencie-mo-lo pois em nossa arquitetura moral, espiritual interessa muito”. (883,5)

“Substituam com aspirações, com jaculatórias, com atos de humildade . . .”(915)

“O amor à oração. Só quem esperimentou pode acreditar quão facilmente são inclinadas à oração as pessoas religiosas verdadeiramente pobres e quão dificilmente se dão a ela as pessoas cômodas, mesmo religiosas”. (1010,3)

“Pois bem, quem não vê que as Filhas de Maria seguindo sua vocação e deixando não só o mundo e suas inclinações mas também as melhores coisas e mais santas para fazer a vontade de Deus (certamente com grande abnegação e mortificação) dão maior gosto a Deus, adquirem maior mérito e portanto maior perfeição.
Mas como farão para ir adiante no bem, aperfeiçoar-se, fazer-se santas sem a ajuda da oração, sem a freqüência dos Sacramentos e das outras práticas espirituais?
Oh, que cego seria quem fizesse seriamente semelhante objeção! Primeiramente não é verdade que as Filhas de Maria não têm exercícios de piedade. Elas os têm e se forem bem praticados os têm em abundância e talvez tantos quantos algumas de clausura. Mesmo se fossem menos, ao contrário poucos, acreditamos que as ajudaria menos do que os mais abundantes daquelas que vivem em perfeito retiro? Não acrediteis. Os vossos limitados exercícios de piedade, unidos às santas ações de vossa vida ativa, pela saúde das almas, vos ajudarão muito mais.
. . . Pensai bem vós que por vossas ocupações extraordinárias ou se por alguma razão vos encontrais em maiores afazeres e ainda mais privadas destes exercícios espirituais; vós que especialmente ocupastes com os pobres doentes na época do Cólera Morbus; dizei se aquelas poucas orações, ao contrário, aquelas jaculatórias e aquelas aspirações não vos sustentavam, não vos confortavam.
. . . Substituam com comunhões espirituais, com jaculatórias, com santos pensamentos, com o desejo, com aspirações ou também somente com a reta intenção de fazer aquilo que fazeis por Deus e para dar gosto a Deus e não tenham medo”. (1121)





Art. XV – Desejo de Perfeição


“O que vos digo é que Deus vos quer melhor do que sois e que procureis portanto, crescer na verdadeira humildade, na paciência, na mortificação dos sentidos, na caridade, sobretudo com as co-Irmãs, na obediência, na resignação.
. . .se desejais tornar-vos perfeita, é necessário que a elas estejais apegada como a um segundo Evangelho.
Desejáveis saber como podeis fazer-vos santa, melhor, perfeita. . . Eis: sêde humilde, obediente, observante e paciente. Dizei ao Senhor que vos mantenha unida a Ele, mesmo durante as conversações que deveis fazer”. (387)

“Coragem, minhas filhinhas, ao Paraíso, que unicamente para isso fomos feitos, criados, remidos”. (542)

“Que fazem as minhas Noviças? . . .Que deverei dizer? Que sejam boas? Ah, Mas boas eu penso que já sejam. Que se façam santas? Isso sim, pois penso que ainda não são, mas penso e creio que certamente terão um grande desejo de sê-lo. Não é verdade?” (686)

“Empenho grandíssimo de dar glória e gosto a Deus em tudo, e dar-lhe quanto possível e desejar dar-lhe sempre mais intensamente”. (699)

“Procuremos purificar sempre mais o espírito e o coração da terra, que sempre nos atrai e macula. Aprendamos a não aspirar mais que a Deus a ao Paraíso, onde teremos Deus para sempre, sem temor de perdê-lo! Oh, o Paraíso! Coragem, filhinhas: fazei-o por vós e por mim que, ocupado em tantas coisas , pouco ou nada penso nisso! Fazei-o também pelos pobres pecadores que não querem pensar e pelos infiéis que não sabem pensar!”(736)

“Suplico-Lhe de fazer-vos santas a todas e que para isso incuta em todas o espírito de observância, sem o qual não o sereis e com o qual vos fareis santas seguramente”. (839)

“Vós, pois, deveis aspirar à santidade com todas as vossas Irmãs e com todas as Filhas que Deus vos manda à Casa de Acolhida. Fazei sempre tudo o que vos compete e não desespereis jamais de alguma, mesmo das que correspondem mal, pois pode acontecer que o fruto . . . não se dê ali, mas depois, fora a seu tempo. Tende sempre, mas sempre, viva a esperança! (860)

“Portanto a perfeição estará sempre na discreção a qual evita os excessos”.(1010)

“De resto, minhas filhinhas, não há dúvidas que se amais Jesus Cristo e quereis ser amadas por Maria nossa Grande Mãe, é preciso que cresçais nestas virtudes cristãs que devem ser o vosso melhor ornamento e toda a vossa riqueza.
. . . Deis exemplos não ordinário de modéstia, de mortificação, de retiro, de mansidão, de paciência, de humildade, de trabalho e de uma piedade singular. Procurem fazer alguma coisa enquanto tendes tempo e fazei-vos ricas destes tesouros. . .”. (1099)

“Se vos mantendes firme nestas coisas, vos salvareis; espero antes que Deus vos assistirá de tal modo e que Maria vos ajudará tanto que chegareis à perfeição e vos fareis santa”. (1113)

“Com isso, não queremos dizer que seja menos devota, menos santa, menos perfeita; Antes, esperamos que possa ser ainda mais! A santidade consiste em fazer a vontade de Deus. Quem a faz melhor é mais perfeito; aquele a quem custa um maior esforço, maior abnegação e mortificação de si mesmo, tem mais mérito. Pois bem, quem não vê que as Filhas de Maria seguindo sua vocação e deixando não só o mundo e suas inclinações mas também as melhores coisas e mais santas para fazer a vontade de Deus (certamente com grande abnegação e mortificação) dão maior gosto a Deus, adquirem maior mérito e portanto maior perfeição?”.(1121)

“Vejo as angústias em que vos encontrais por tantas situações, mas lembrai-vos que estamos no caminho da cruz. Quereis fazer-vos santas e espero que o sereis (antes, me desagrada a pouca confiança que tendes em chegar a isso), mas é certo que a cruz é necessária. Portanto, viva a cruz e coragem!”.(1188)

15.3

“ . . .as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga, na pobreza, na obediência e na perfeita comunidade; que se dedique a estas e não tente a Deus, mas que tenha consideração da saúde em tudo o que pode e que agrada a Deus.
Desejáveis saber como podeis fazer-vos santa, melhor, perfeita. . . Eis: sêde humilde, obediente, observante e paciente. Dizei ao Senhor que vos mantenha unida a Ele. . .”(387)

“Amor e zelo pela Regra que é a estrada mais segura para se fazer santas . . .”. (699)

CARTAS PASTORAIS DE SANTO ANTÕNIO GIANELLI

CARTAS PASTORAIS de SANTO ANTÔNIO GIANELLI
- Alguns Apontamentos -

Obs. A numeração de páginas corresponde à edição em língua espanhola – Buenos Aires – 1983.

Esboço da ALOCUÇÃO para a abertura da Congregação dos Clérigos, fundada em Chiávari, no ano 1832, pronunciada aos 17/01/1833:

Inspiração bíblica: Mt 4,19 – pescadores de homens!
O que se quer com essa Congregação? Chamá-los à pesca? Não, porque para isso são chamados todos os sacerdotes. Comprometê-los a pescar? Também não, porque se supõe que todos são comprometidos.
O que se quer, então? Comprometê-los a pescar bem! Pescadores não de nome, mas de fato; não só de profissão, mas de paixão; não só comuns, mas escolhidos, extraordinários, valorosos. (204-205)
Há tantos Sacerdotes! Mas, quantos descuidam as pobres almas, inclusive a sua... Com o “manto de pescador”, se comportam como demônios... Como importa que todos sejam bons e valentes!
Fundação da Congregação: enquanto estão dispersos, não se cultivam bem. Vamos reuni-los, pois, e valer-nos do Ministério de tantos zelosíssimos sacerdotes. Com estes, faremos outros tantos valorosos pescadores! (205)
Seleção! Nem todos, mas os que deram provas... Com essa seleção, não se pretende excluir outros; ao contrário, estão todos convidados, mas nenhum será aceito, sem antes dar provas... Também vocês que já estão admitidos, serão excluídos se... Leitura do Decreto de Fundação..................
Freqüência festiva aos Sacramentos, Conferências espirituais, as preces da Congregação e aquelas obras de piedade em que se ocupam e não são poucas... Vocês vêm para se habilitarem no sagrado ministério da salvação das almas, mas também para a própria santificação. O bem dos outros depende, sobretudo, da pregação da divina Palavra, da reta administração dos Sacramentos e da reta execução das funções eclesiásticas, Missas, Vésperas solenes, outros cânticos.................................
Obs. Este esboço foi escrito por Gianelli no dia 17/01, durante o qual esteve ocupadíssimo por paroquianos e clérigos, etc. e não pode jantar nem sequer a metade. (206)


ALOCUÇÃO ao Povo de Chiávari – Colocação da primeira pedra da nova fachada do
Santuário de N.Sra. do Horto - 31/07/1836 – Pág. 207 a 213

É justo que os aplauda e, com um sermão apropriado, embora breve, os anime em seu propósito e, se fosse necessário, os incite ainda mais. Lamento que o tempo não me permita um discurso mais digno de vocês e da faustíssima circunstância em que lhes falo. Vocês compreenderão os “apertos do orador” e, tanto vocês aqui, como Maria no céu, receberão com boa vontade a mudança da obra. (207-208)
Colera morbus – (Deus irritado?!) Alguns vêem como resultado de causas segundas ou do azar... mas a Fé revela a Direita onipotente, providentíssima e sapientíssima do Deus que sempre vela por suas criaturas... (208)
Um voto, uma promessa a Maria do Horto! Uma ampla decoração para seu Templo, uma digna fachada que o reavive e que o indique aos que passam. Maria se compromete a salvar-nos! A fachada para N. Sra. do Horto e estamos seguros!...... Cidade de Maria – a doença sobrevoou, mas foi para longe... Não pode decair nossa fé depois que passou o perigo! ....... Não tem fé, não tem sangue, não tem coração de filho de Chiávari aquele que não desejou cumprir logo seu voto, tão santo em sua intenção e tão maravilhoso em seus efeitos. (209-210)
Os ânimos generosos aspiram ao ótimo.... E eu não me contento com o simples silêncio ou uma forçada adesão, mas quero ver brilhar, em cada rosto, corações penetrados de amor pátrio, amantes do verdadeiro bem público e jubilosos de que se honre a Maria do melhor modo. (210)
A posteridade dirá que tivemos o coração maior do que os meios, os sonhos mais amplos do que as possibilidades. E nós, no século da Filosofia e das luzes (se é que é verdade!)... (211)
Olhar de Deus não para os sacrifício de Caim, sim para o sacrifício de Abel, Abraão, Salomão... A piedade de Chiávari será tida como exemplo e nosso Santuário de Maria do Horto, que recebe votos e oferendas até do outro lado do mar, terá brilho e glória maiores..
Nosso nome se difundirá cheio de glória com o de Maria; suas bênçãos nos acompanharão por terra e por mar, na vida e na morte... E todos nos alegraremos no céu por termos tido a sorte de ter nascido e vivido e morrido à sombra de seu feliz e gloriosíssimo patrocínio! (212-213).

Carta ao Clero e ao Povo de Bóbbio,
escrita no dia da sua nomeação como Bispo - 06 de maio de 1838 – Pág. 15 a 21:

É difícil dizer quantas alegrias puríssimas vivemos trabalhando, sem descanso, neste campo paroquial; não é possível imaginar a qualidade e a grandeza do amor com que estivemos unidos a nosso amadíssimo povo e, sobretudo, aos nossos colaboradores. Mas, o temor aumentava dia a dia e um certo espanto e tremor se havia insinuado ao nosso ânimo, ao ver-nos envolvidos com uma responsabilidade de tão grande alcance...... Há muitos anos, nossos esforços e nossos desejos eram que, quanto antes, nossos Superiores consentissem em liberar-nos de tanto peso e de tão grande responsabilidade de almas....... Só Deus sabe a que estado nos reduziu tal notícia (nomeação como Bispo), qual foi nossa emoção e que temor nos assaltou! Fizemos calar nossas aspirações e nossos desejos e nos dispusemos a ir a vós, para ocupar-nos da vossa salvação e, mudando quase de natureza, tendo invocado com profunda humildade a ajuda da graça divina e deposto toda a angústia e temor, nos sentimos embargados por este único pensamento: liberar-nos de toda outra ocupação e compromisso para estar preparados o quanto antes, não para ir, mas quase voar e chegarmos no vosso lado. A caminho, pois, até que cheguemos e possamos falar-nos face à face! Recebei, portanto, veneráveis irmãos e filhos amadíssimos, esta nossa carta, com que tratamos de dizer-vos quão grande é a caridade que nos impulsiona para vós...
Clero e Povo: sagrada assembléia, espécie de senado... primeiro ornamento da Catedral – Candelabros místicos postos sobre o monte para resplandecer e iluminar a todos, em casa, na Cidade, na Diocese. “Brilhe vossa luz diante de todos...” para que todos aprendam a disciplina, a honestidade e a santidade.
Convite a juntar as mãos e comprometer-se a contribuir com a palavra, com a atividade e com a integridade de vida para o bem de toda a Diocese. “Trabalhadores e guardiães da Vinha”... cuidar das sementes e das plantas... “Revestidos das armas da luz, combater as batalhas do Senhor”... Estamos sempre junto a vós como companheiros de vossas lutas e de vossos sofrimentos, para que possamos sê-lo também em vossos consolos em Cristo Jesus.
Já que deixamos aquela nossa “vinha”, pela qual sentíamos tanto carinho..... nada temos desejado tanto como sentir-nos unidos a vós, no zelo, nas obras de bem, nas fadigas e no suor, para podermos, finalmente, merecer participar de vossas coroas.
Terra antes despojada de Ordens Religiosas, pelo amor e pelos cuidados de S. Columbano se transformou em “horto de delícias”... e pelo magistério de uma santa disciplina, exala “perfume de infinitas formas de santidade”...
Seminaristas, se não a primeira, a mais querida e mais doce das nossas ocupações. Recordarei em vós os estudos e os gratíssimos exercícios da minha adolescência e, convosco, me alegrarei de rejuvenescer... para conduzir-vos, com a ajuda de Deus, à verdadeira e divina Sabedoria. “Me encantará” conversar e estudar convosco, para que sejais verdadeiramente doutos e sábios; nada omitiremos para sairdes dos estudos bem preparados, como Ministros da Igreja e, assim, ser “sal evangélico da terra”...
Mãos à obra, pois, Filhos meus, e secundai com zelo e empenho as melhores inspirações. Filhos x Protetor, Defensor, Pastor... “Tudo para Todos”... Falamos para que conheçam com que ânimo e com que sentimentos comparecemos diante de vocês e de que espírito queremos estar cheios.....Implorai a graça da Santíssima Virgem e Mãe Maria, guardiã fidelíssima dos Pastores de todas as Igrejas...
Enquanto escrevemos estas coisas no dia mesmo da Consagração, vos distribuímos, com todo o afeto do coração, a bênção pastoral. Gênova, aos 06 de maio de 1838.


Homilia na sua entrada em Bóbbio como Bispo, aos 08 de julho de 1838

- Pai, Mestre, Juiz, Pastor – cf o Bom Pastor do Evangelho - Jo 10. -
Quando um Pastor chega pela primeira vez à sua Sede, se despertam mil sentimentos no coração de todos: expectativas... temores... esperanças... disposições... A coisa é espontânea, se apresenta demasiado fácil em si mesma: eu sou vosso e vós sois meus...
Eu vos direi qual é a minha condição, e direi de tal maneira que penso que ficareis mais contentes do que aborrecidos. E, como o Divino Pastor se gloriava de ser conhecido por suas ovelhas, eu me explicarei nesta primeira ocasião de maneira que possais conhecer-me intimamente. Farei isso expondo-vos a idéia que tenho de mim mesmo; vós me escutareis como gente que quer entender bem para bem agir; como gente que quer conhecer bem o Pai para logo corresponder como bons e amorosos Filhos.
Bispo: uma espécie de portento e de milagre da divina bondade que assume um homem, o levanta acima dos demais homens e lhe confia os tesouros de sua graça, sua divina palavra, suas ordens, suas disposições, seus sacramentos, sua autoridade, seu Corpo, seu Sangue, sua Igreja - “luz posta sobre o candelabro”...

- 02 -
Ao ser ele elevado a essa altíssima dignidade, não troca nada de sua índole, nem sua inclinação, nem sua natureza... Vocação de Aarão... de Paulo... Um Bispo não deixa nunca de sentir e de levar todo o peso da miséria e da corrupção herdada de Adão.
E penso, irmãos, que me ajudareis hoje e sempre, com as mais vivas e fervorosas orações diante de Deus, implorando-lhe para mim o fervor, a força, a constância, a prudência, a suavidade e a intrepidez, mais ainda, a virtude ou força, a caridade, a perfeição, a santidade, que muito convém a todo bom cristão, que tão necessárias são a todo eclesiástico, sobretudo a um Bispo, que deve “resplandecer como um sol” no meio de seu rebanho... sendo dado por Deus ao povo como Juiz, como Mestre, como Pastor e como Pai?...
Em todas as causas que se referem a Deus, à Igreja e à jurisdição espiritual, eu sou vosso Juiz..
Eu sou vosso Mestre, e depois de Deus e daquele que é Vigário de Deus sobre a terra, eu sou o primeiro, mais ainda, eu sou o que deve vigiar, dirigir e corrigir aos outros vossos Mestres, se fosse necessário, para que a santa Palavra divina, recolhida nas divinas Escrituras, encomendada às Tradições Apostólicas, declarada pelos Padres, aprovada pelos Concílios, ilustrada pelos Doutores e pelos Intérpretes, seja ensinada em sua pureza e transmitida em sua integridade às futuras gerações. Isto devo fazê-lo desde a Cátedra, do púlpito e dos altares, por palavras e por escrito, diante dos doutos e dos ignorantes, dos atrevidos e dos covardes, em público e em particular e, se fosse preciso, também em campo aberto como os “Hilários” e os “Eusébios” e outros insignes mestres, tornados célebres na história da Igreja Católica. Ah! Como farei isso, se Aquele que ilumina os cegos e que nas Sagradas Escrituras é chamado “Pai das luzes” não me ilumina, não me dirige, não me infunde essa divina luz...
Deus me manda como vosso Pastor. E me recomenda e intima a escolha dos campos e das pastagens. Exige de mim a guarda, o cuidado e a saúde do Rebanho. Não posso ser bom se não estou disposto a morrer por vós e por cada um de vós. O Bom Pastor do Evangelho é meu único modelo - “O Bom Pastor dá sua vida pelas suas ovelhas”.
Oh! Quem seria tão cego para invejar a minha sorte?... O que pudesse invejar este ouro que me rodeia, estas pedrarias que brilham sobre minhas vestimentas pontificais, aprenda a apreciar o que significam, o que importam ou valem e o que custam a um Pastor do Evangelho.
Vós sois para mim “filhos”, vós me chamais “Pai”. Eu sou e devo ser para vós “Pai”, e Pai tanto melhor, tanto mais solícito, tanto mais doce, amoroso, apaixonado por vós, quanto mais carinho e amor tem por vós o Pai Celeste, que deu por vós seu Filho divino... Ele vos entrega a mim e me dá a vós como Pai que o represente, e me dá tudo quanto tem de grande, de precioso, de querido, e a si mesmo por inteiro, para que dele mesmo vos alimente, vos salve.
Não abraçarei eu com todo o afeto do meu coração a estes filhos que Deus me deu e que são amados pelo Filho de Deus? Ah! Sim, vinde todos ao meu peito, que vos abraço a todos e a todos estreito nas entranhas de Jesus Cristo. Vinde, que sinto enorme carinho por vós e me dou conta de que, pela graça de Deus, vos amo já a todos, a todos... A todos? Também aos néscios? Também aos ingratos? Também aqueles que, com o tempo, talvez pudessem até me odiar, me caluniar, me ofender?... Sim, meus queridos filhos, também a eles, porque... não deixariam de ser “filhos” para mim...
Amai-me como Pai, mais que como Pastor, mais que como Mestre e como Juiz; e eu vos prometo que, inclusive quando faça de Pastor, vos guiarei como filhos, não como ovelhas; quando atuar como Mestre, vos ensinarei como a filhos, não como a estranhos; quando fizer papel de Juiz, sem violar os direitos da justiça, vos ouvirei como a filhos, vos sentenciarei como a filhos, vos tratarei como filhos, sempre. E somente quando vós deixardes de reconhecer-me como Pai, vos tratarei como desmandados e como réus.
Eu sou, e com a ajuda santa de Deus, continuarei sendo “tudo” para vós. De dia e de noite, no inverno e no verão, para ricos e pobres, sadios e enfermos, sacerdotes e leigos, próximos e distantes, aldeãos e cidadãos, eu serei certamente para “todos” e, se não me engana um amor cego, serei “tudo para todos”.
Eu me reservarei e me inibirei só diante daqueles que, esquecidos de Deus e das almas, venham a roubar-me o tempo que devo dedicar para todos, e que, por isso, me resultará sempre escasso... Inimigo como sou da “conversa inútil” e dos respeitos humanos, me mostrarei desconfiado diante de todo gesto cerimonioso e diante das grandes promessas. Mas, em tudo o mais, espero, queridos, que estarei sempre e inteiramente à vossa disposição.
Eia! Sede também vós todos por mim, não para servir-me, não para acariciar-me ou para secundar interesses mundanos, que não combinam com um Ministro de Jesus Cristo, senão para deixar-vos conduzir por Deus, para deixar-vos salvar.
Talvez eu, alguma vez, me mostre contrário a vossos pensamentos, a vossos desejos, a vossos projetos, mas será sempre como Pai.... Talvez vós me considereis Pastor desamoroso, Mestre indiscreto, Juiz severo. Mas, espero que isso não será assim nunca e que, mesmo então, serei para vós Pai, e que o látego será o próprio de um Pai, não de Pastor, não de Mestre, nem de Juiz. Meu objetivo será sempre defender-vos, sempre salvar-vos.
Eia! Colaborai comigo sempre, aderi, abraçai-vos comigo e estareis salvos porque, afinal, não busco nem quero outra coisa que vossa salvação eterna.
Assim é como eu sou para vós! Assim é como vos desejo!”
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Sobre a sua 1ª VISITA PASTORAL - Bóbbio, 21/07/1838 - Pág. 29 a 33:

Urgência extraordinária x motivos extraordinários: a maior parte da Diocese há 19 anos sem Visita Pastoral!... Pudéssemos dizer como Paulo que somos empurrados e arrastados em direção a vós por puro impulso de caridade!... nosso coração aceso todo ele no santo amor por vós... zelo que nos abrasa... zelo constante, infatigável, insaciável e caridade!...
Nossa Visita: afugentar os males e trazer às vossas almas a calma e serenidade próprias dos filhos de Deus. Queremos isso e, apesar da nossa insuficiência, esperamos confiantes na graça daquele divino Pastor que nos envia no meio de vós. Não omitiremos nada para que a nossa Visita seja, ao mesmo tempo, suave e eficaz... Esperamos ser precedidos, se não em todos os lugares, ao menos nos mais centrais e consideráveis, por zelosíssimos Missionários que, com Missões completas, ou com Exercícios espirituais de menor duração, vos disporão a acolher com fruto as misericórdias divinas que, esperamos, acompanharão a esta obra que certamente é das primeiras do Ministério Pastoral. Acompanhado das pessoas estritamente necessárias, prescreverei aos Párocos o tratamento mais simples... Nosso coração está alvoroçado, ao pensar na adesão e docilidade do Povo ao convite e à graça de Deus. Rogai e ponde como meio o valioso patrocínio de Maria Santíssima, em quem, depois de Deus, colocamos nossas melhores esperanças... assistência do gloriosíssimo Protetor da nossa Cidade e Diocese, S. Columbano... Titulares, Advogados, Patronos, Anjos Tutelares das Igrejas e dos Povos...
Que a Visita chegue a ser como uma Missão – renovação de toda a nossa Diocese! Eu tenho boas esperanças de que será........pois Deus não permite que fracasse o esforço de quem o serve com zelo e tem suas metas voltadas para os dois grandíssimos objetivos, que são a glória de Deus e a salvação das almas.
Dia 5 de agosto, na Catedral, início de uma Missão, que será como o prelúdio da abertura da sagrada Visita; mas, antes dela, nos sentimos inspirados em fazê-la preceder de um breve Retiro Espiritual para os Eclesiásticos, na Capela do nosso seminário... Venham, pois, no maior número possível, e começai a dar-nos essa grande prova do vosso zelo, da vossa piedade e da vossa adesão aos desejos que alimentamos pelo vosso bem.


INSTRUÇÕES aos Párocos para a VISITA PASTORAL
– Bóbbio, agosto de 1838 – Pág. 34 a 44:

Na Visita às Paróquias: séquito de três pessoas: 2 co-Visitadores e uma pessoa de serviço... Proibido o luxo e esplendor... Não permitiremos nunca que apareçam sobre a mesa mais que 3 pratos, com a sopa e alguma fruta, se é possível conseguir com facilidade. Pároco: evitar fazer convites, exceto a algum sacerdote que fosse chamado para ajudar nas Confissões. (34)
RELATÓRIO a ser enviado antes da Visita ou apresentado na chegada do Bispo: O Relatório será em 2 colunas, quer dizer, dividindo a folha em duas partes, uma das quais ficará em branco. Nesta o Pároco responderá claramente e por ordem todos os parágrafos e todos os artigos, como segue: 9 blocos, num total de quase 80 itens: bloco 1 – Da Igreja e seus bens – 9 itens; bloco 2 – Dos Altares – 6 itens; bloco 3 – Do campanário e dos sinos – 1 item; bloco 4 – Das sepulturas e do Cemitério – 5 itens; bloco 5 – Da Administração temporal (material) – 10 itens; bloco 6 – Do Governo espiritual – 24 itens; bloco 7 – Da Casa Paroquial e do Arquivo Paroquial – 8 itens; bloco 8 – Das outras Igrejas anexas ou filiais, Oratórios, Conventos, Mosteiros, Obras Pias – 9 itens (com 1 sub-bloco); bloco 9 – Do estudo dos Clérigos e Sacerdotes – 6 itens. O “inventário” deverá constar não só o número dos objetos, mas também sua qualidade e o estado em que se encontram. P. ex. 6 Missais: 1 novo festivo, 1 novo diário, 3 qualificáveis como velhos, mas usáveis, 1 velho que não serve mais..... Mostrarão os Decretos feitos na última Visita e dirão se foram cumpridos ou não e por que razão... Nós nos esforçamos por organizar o melhor possível essas perguntas e essas instruções; vós, agüentai com paz e amor ao Deus ao qual servimos e do qual deveis esperar a retribuição..... Acrescentem todas as outras notícias ou reflexões que julgardes oportunas para a glória de Deus, para o decoro da Religião e para a salvação das alma..... Para não dar ocasião de “ansiedade supérflua”, declaramos que, no caso de falta de provas ou lembranças seguras, bastará mencionar o que se sabe ou também o que se diz. E daquelas coisas que não lembram nada, o simples fato de dizê-lo bastará como resposta
Desejamos espírito de santa paciência e perseverança no bem... AVISO: Os endereços da correspondência deverá ser “Ao Sr. Bispo de Bóbbio”(sem acréscimo de nome ou de sobrenome), para aproveitar a franquia dos Correios Reais....Apresentar os Relatórios em 2 vias iguais, com firma reconhecida, para que fiquemos com uma e a outra fique arquivada na nossa Cúria. (35 a 44)

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SEMINÁRIO – 05/10/1838 – Pág. 45 a 52:

Os primeiros pensamentos e as mais ternas preocupações são com o Seminário, consolo dulcíssimo, santa delícia de nossa alma! Formação de Ministros sensatos, prudentes e zelosos... Cultivo eclesiástico e literário... (45)
Recolher conselhos de pessoas que se destacam por sua santidade, doutrina e, sobretudo, pela dificílima arte de educar bem a juventude. (46) Instrução sólida, robusta e completa... Clero douto, disciplinado e exemplar, isto é, santo... (47-48). Guarde-nos Deus de propor um estilo de vida rígido e severo; ao contrário, desejamos que seja doce e suave, equilibrando a suavidade das Regras com a retaguarda de uma fiel observância. Se as “rendas” do Seminário permitissem, gostaríamos de melhorar o tratamento; como só podemos fazer isso aumentando a “pensão” (mensalidades), coisa que não queremos de modo algum, dói-nos não poder dar nenhuma esperança nesse ponto. Uma só coisa nos atrevemos a prometer, confiados em Deus: consideraremos vossos filhos como nossos; ao mesmo tempo que queremos santificá-los no espírito, não se omitirá nada para conservá-los na saúde e prosperidade temporal... A notável melhora que queremos é no estudo.
Conteúdos essenciais (currículo): Humanidades, Teologia Moral, Canto Eclesiástico, Sagrada Liturgia, História, Geografia, Língua Grega para entender a Latina, Língua Italiana que tantas derivações recebeu da Grega, sem falar de Direito Canônico e Sagrada Escritura... para formação de Sacerdotes com instrução sadia, robusta e completa. Vós dais energias com a vossa oração e os Jovens retribuem com o estudo e a piedade...(46-47)
Dificuldade a esses Projetos: a falta de um lugar para a estadia dos Alunos durante as férias. Quantos vão sensatos, estudiosos, exemplares, ao acabarem as aulas, e retornam das férias dispersivos, inquietos e, às vezes, dissolutos! Donde nos virão meios para procurarmos uma discreta casa de campo? Só da Divina Providência... (47)
Nós procuraremos ter “entranhas de caridade” para com todos... e, com as devidas considerações, trataremos que todos avancem no espírito de sua vocação e se tornem hábeis para exercer com fruto seu alto, difícil e tremendo Ministério. (48)........Criação de uma “Comissão do Clero”... Todos dirigir-se a essa Comissão... (49) No dia 03 de novembro (1838) se abrirá o Seminário e no dia 05, à tarde, todos deverão encontrar-se para submeter-se, no dia seguinte, a um Exame e dedicar-se, sem demora, aos Exercícios que forem indicados. (52)


EPIFANIA - MAGOS – 06/01/1839 – pág. 54 a 65:

Quem pode ter fé e não acolhê-la com arrombamento, não cooperar com ela, não promovê-la?... (53) Falar de fé com uma idéia nova e inesperada... (54) Pela Graça, os “mateus” e os “saulos” ficam diferentes. A Graça não precisa observar tempos e modos; nunca foi escrava de circunstâncias... A Caridade não permite tréguas, não agüenta atrasos, não conhece lentidões... Diferenças entre nós e os Magos, com vantagem nossa: eles não tinham o Mistério da Paixão, Morte, Ressurreição de Jesus como nós. Voar, instruir, pregar, expugnar, vencer toda reserva e obstáculo, para fazer que todos conheçam, adorem e sigam a Deus. (56-57) REALIDADES... MISSÃO... (58-59)
Novos Apóstolos adequadamente instruídos, formados e preparados; operários verdadeiramente evangélicos (59) missionários apostólicos (61)... Devota Associação de piedosas e zelosas pessoas em favor da Propagação da Fé, sugerida pela paupérrima condição do povo e dos zelosíssimos Sacerdotes... E essa necessidade era tão clara e manifesta em si mesma, que os bons a abraçaram, seguiram e promoveram com santo empenho. Nasceu em Lyon e se estendeu por toda a França, voou Suiça, a Flades, Alemanha, Polônia, Esmirna, Constantinopla, Inglaterra... Itália?! (60) Somos poucos... e as “estéreis escarpas” que nos rodeiam nos impedem de conceber amplas esperanças... mas não podemos nos atemorizar numa obra que é toda de Deus. (61)
Para ajudar na “propagação da Fé”: Rezar 1 Pai nosso, 1 Ave Maria, uma jaculatória a São Francisco Xavier e 5 centavos por semana.. Explicar que pode bastar o Pai nosso e a Ave Maria que se reza nas orações da tarde ou da manhã, pondo a intenção uma só vez. (61-62; 64)...
Todos podem contribuir: pobres mendigos, servos e criadas, crianças... Oh! Centavos venturosos! Bênçãos que produzirão prosperidade nos negócios, fertilidade nos campos, paz nas famílias, saúde nas pessoas, contentamento nas consciências, virtude, santidade, salvação nas almas! E se, alguma vez, chegassem a adulterar ou perder a fé, em atenção à vossa cooperação com a fé dos fiéis, Deus mandaria, espero, algum Missionário, algum Apóstolo, algum novo Columbano para despertá-la de novo, reavivá-la e confirmá-la. (62)
Deixar de ser inconseqüentes, deixar de ser contraditórios, tirar a máscara... “Cacarejada” filantropia, apesar do zelo pelas luzes... (63) Perdão se me excedo ao falar-vos e se me excito com quem não me escuta... (64)
A COLETA pode ser feita assim: 1 recebe de 10 e passa o total ao Pároco ou a quem ele designar; este repassará a coleta ao nosso Vigário geral, que dará o recibo correspondente.
Para esse fim, o Pároco terá um Livro com duas colunas: numa registrará todos os contribuintes, ao menos os arrecadadores de cada dezena, e na outra as cobranças feitas. Cada um pode pagar o ano todo (52 soldos) ou pagar a prazo. O Pároco, o Vice-Pároco ou o Capelão receberá, a cada 2 meses, da nossa parte ou do nosso Vigário geral, um exemplar dos Anais por cada 10 contribuintes, os quais, feita a leitura, devolvem o Livro ao arrecadador, ficando como propriedade deste.(64-65)
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Retiro Espiritual do Clero – Bóbbio, 16/07/1839 - Pág. 73 a 75:

Oportuniza e incentiva a todos, facilita, articula, sugere alternativas... sugere livros... inclui-se nos Objetivos do Retiro... não aponta obrigações, mas resultados... Renovar nosso espírito e reavivar o zelo e fervor, sem os quais seremos como candeeiro apagado e sal sem gosto, em nosso ministério... Não percamos nenhuma de tão belas e santas ocasiões para reavivar o espírito da nossa sublime vocação.
Todos têm necessidade de retirar-se e pensar nos negócios da alma. Não é justo que uns desfrutem desse benefício todo inteiro, enquanto outros ficam privados por inteiro do mesmo.
Por isso, o Pároco que participou no ano passado dos Exercícios Espirituais e que não tem outro Confessor que também já participou e, por isso possa substituí-lo, permitirá que participem os outros Sacerdotes, permanecendo para atender ao rebanho, procurando suprir a privação dos Exercícios espirituais permanecendo retirado de maneira extraordinária, alimentando seu espírito com santas leituras e meditações (sugestão: “A Selva predicable” e “Os Exercícios preparatórios para bem morrer”, de S. Afonso Maria de Ligório) e dispondo-se a uma confissão extraordinária e à mudança de sua vida. No outro ano, deixará em seu lugar um dos Sacerdotes que neste ano participou, e ele irá. Disso resultará que, a cada dois anos, todos farão comodamente seu Retiro formal, suprindo por si mesmos, no ano intermediário.
Quem quiser fazer todos os anos seu Retiro, poderá aproveitar nas cidades vizinhas, onde não faltam meios e lugares oportuníssimos para isso: não apenas permitimos, mas até incentivamos que aproveitem essas oportunidades. Quando há Párocos vizinhos, nós permitimos que um só atenda a duas Paróquias, para que seu vizinho possa aproveitar os Exercícios Espirituais, desde que fiquem garantidas as Missas nos dias festivos. (Em Gênova, pessoas caridosas pagam as despesas aos que não podem pagar por si: abertura de Retiros especialmente para os Párocos, depois do segundo domingo após a Páscoa e depois da festa de São Carlos).
Fogo que avança! Para reavivar o espírito de nossa sublime vocação, voemos à solidão, onde Deus fala de forma extraordinária ao coração e onde o fogo do nosso fervor, avivado e reforçado, arderá com novas chamas para nós e será mais eficaz para acender-se e difundir-se naqueles corações que nos são confiados, precisamente para os reacendermos. (pág. 75)


Indicações para o 1º SÍNODO – Bóbbio, 02/07/1840 – Pág. 82 a 86:

Conforta-nos e alivia nosso espírito o pensamento de que não estamos sozinhos em tão grande empreendimento... Todos devem ajudar e sustentar a Assembléia Sinodal com orações, vigílias e jejuns.
E já que é comum a causa e comum o resultado, sejam igualmente comuns os desejos, diligências, esmeros, esforços e tudo o mais que for adequado... Concentremos nossas forças, nosso empenho e nossos corações no Sínodo. (83)
Se alguém vê algo que caiu em desuso e considera digno de ser posto de novo em vigor... Algo introduzido como novo, mas é nocivo e deve ser abolido... Abertamente bom e deve ser consolidado e promovido... Absolutamente mau e deve ser eliminado... comunique-nos. Examinar os meios... Sugerir o modo... Propor à reunião sinodal, decidir e decretar o que, em Deus, nos parecer útil e necessário. (84 e 91)


ALOCUÇÃO para o 1º SÍNODO – setembro/1840 – Pág. 87 a 91:

Costume da Igreja desde os tempos apostólicos... – Ao 3º ano de Episcopado... Começamos uma obra realmente grande, que poderia gerar temor não só por nossa debilidade, mas também nos homens mais doutos. E nós, na verdade, estamos espantados; e examinando bem nossa inexperiência e nossa debilidade, ao apresentar-nos diante de vós, dignos de toda honra e consideração, para dar-vos conta do nosso trabalho, não sabemos que devemos ruborizar-nos ou ter medo. Já que, como dissemos na Indicação para este Sínodo, toda nossa suficiência e capacidade vem daquele sem o qual nada podemos e no qual confiamos,.............importa confessarmos, para a glória de Deus e de N.S. Jesus Cristo, que sua bondade não deixou de responder aos nossos desejos e à nossa fé, embora débil; devemos dizer que Ele ouviu vossas orações, nos méritos e orações de todos nossos filhos, orações reforçadas pela Divina Mãe Assunta ao Céu e invocada sob o título de Auxiliadora... dos Santos Pedro e Paulo, co-titulares da nossa Catedral,, de S. Columbano, Abade, eficacíssimo Patrono da Cidade e da Diocese,.........Anjos e Santos.......divina ajuda de modo abundante e quase me atreveria a dizer superabundante. Na verdade, esses afãs do Ministério, embora não tenham dado trégua ao nosso afã e a nossas forças, não me cansaram até o ponto de distrair meu ânimo do Sínodo.
Devemos confessar, com toda a simplicidade, que homens sábios e doutos nos deram ajuda nessa obra....de modo que nossas expectativas foram superadas. Ajudados por eles, nós, hoje, com superabundante consolo de nosso ânimo, podemos apresentar-vos integralmente o trabalho das Constituições Sinodais.... podendo promulgá-las para o bem de toda a Diocese.
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Se vós sois do mesmo parecer, nossa alegria será plena, não pelo que fizemos, pois sabemos quão pouca coisa é, mas porque confiamos que esta nossa Diocese, consolidada por uma disciplina segura e estável, com a ajuda da graça divina, fará progressos no caminho da virtude.... Toda a glória ao Pai das Luzes, que das trevas da nossa ignorância, fez resplandecer a luz e se dignou mostrar-vos a luz da sua vida e verdade...... Se vossa prudência e sabedoria perceber alguma coisa menos reta ou, inclusive, má ou inoportuna, vossa caridade, eu suplico, não aceite passar por alto. Bem sabemos que é néscio e ignorante fiar-se da própria inteligência e não querer acreditar no parecer dos anciãos. Falai, pois, livremente e, por meio dos Procuradores do Clero, expandi vossos corações no coração do vosso Pai e Irmão.... Pouco importa de onde e de quem venha o bem, com tal que venha! .....
O Bispo pode fazer muito sozinho, mas não quer... Nós não emitimos Documentos nossos, mas baseados nos Concílios, nas Documentos dos Sumos Pontífices, nas instruções de outros Bispos e seus Decretos Sinodais, sobretudo nossos Predecessores que, com incomum sabedoria e prudência, sancionaram Decretos que consideraram úteis às circunstâncias dos tempos. .........
Salvando a união da fé e a santidade dos costumes, está permitido “mover-se”, mas não transgredí-los (os Decretos) totalmente. (88 a 91)

ALOCUÇÃO para o encerramento do 1º SÍNODO – Pág. 92 a 95:

Poderia acontecer-nos algo mais grave, mais molesto, mais triste do que, depois de tanta concórdia, unanimidade e tanta unidade de parecer para a redação dos Decretos Sinodais, fosse logo nulo ou muito fraco o amor e o afã por observá-los?... Coerência e colaboração em observar e cumprir as decisões sinodais... confirmando, transformando em palavras e em vida os princípios e as verdades ouvidas e defendidas; exemplo firme e coerente atrairá outros para a mesma prática (93) Fundamentação bíblica (94). Traduzir em obras os propósitos de bem. Amém.Fiat! (95)


Carta escrita aos 27/01/1841 para a 2ª VISITA à Diocese – Pág. 96 a 103:

Não com outros sentimentos que os de um gozo e um consolo espirituais plenos voltamos a vós com esta Nossa Carta Pastoral, para anunciar-vos novos temas de alívio e conforto saudáveis. Após acabar a jubilosíssima solenidade do Santo Natal, a Igreja nos convida a preparar nossos espíritos para a mais augusta solenidade da triunfal Ressurreição do Salvador. .... (Incentivo e orientações para o tempo da Quaresma)..... Deus, em sua imensa bondade, nos concedeu um ano verdadeiramente abundante de graças e das mais escolhidas bênçãos...
Se vemos os consolos materiais, percebemos que, apesar das chuvas torrenciais que ameaçaram destruir ou tornar estéreis nossos campos, Deus os fecundou com sua celeste bênção e fomos alegrados com colheitas abundantes e pelas vindimas copiosas de frutos. A saúde pública, não só se viu livre de infecções mortais ou de epidemias, mas nem sequer esteve ameaçada por elas.
Se consideramos as bênçãos espirituais que há anos Deus tem derramado sobre nós, mais crescem os motivos de abrir nossos corações e dar infinitas graças à Divina Bondade que dá mostras de predileção e amor especial pela nossa Diocese. Que abundância de pregações! Sacramentos... Indulgências... Houve campo tão agreste ou choupana tão solitária aos quais não chegasse, ou de alguma forma, não penetrassem essas águas da vida que, para dizer com as palavras do divino Mestre, jorram para a vida eterna?
O que dizeis da suma facilidade e, quase diria, felicidade com que, apesar de alguma ligeira distração ou ocupação, nós pudemos, no espaço de dois anos, levar a cabo a Sagrada Visita da Diocese e celebrar nosso Sínodo e atender a tantas necessidades? A mão de Deus com força e suavidade nos assiste, guia e conforta!.. ... Se não fosse por Deus, nós não seríamos capazes de tanto!.....
Anúncio da 2ª Visita à Diocese: abertura no dia de Pentecostes, na Catedral... no verão, na mesma ordem da 1ª. Agricultor – sementes – plantas!... Orações privadas e públicas... Pais enviar seus filhos e dependentes à Catequese da Confirmação...Uma hora antes tocar o sino, no tempo menos incômodo para todos... Registrar os participantes e apresentar-nos na nossa chegada, para podermos premiar, corrigir ou inclusive expulsar da Confirmação...
Aos que acham que somos demasiado solícitos, ao ouvirem o anúncio da 2ª visita, menciono os Cânones do Concílio que ordena que os Bispos visitem a cada ano a própria Diocese.
Em vista do pequeno número de Pároquias, nós poderíamos fazer a Visita em toda, mas, por conta, limitando-nos a uma parte apenas da Diocese, para podermos usar o método introduzido nas Missões e nos Exercícios Espirituais, temos confiança de fazer com maior fruto. (101)



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RESUMO da Doutrina (anunciado no Sínodo) - Bóbbio, 10/02/1843 – Pág. 125 a 129:

1. Finalidade: facilitar a compreensão e memorização...
2. Concatenar melhor as idéias... É adotado por outras Dioceses... Aprender bem o necessário... Perguntas e Respostas... Manter o original, não mudar tanto, nem as palavras, para não atrapalhar os que têm mais dificuldade...
3. Usar o compêndio para a Catequese e também para explicação de outros conteúdos que tivemos que omitir no resumo.
4. Usar o “Resumo” na Catequese... Envio grátis a todos os Mestres e Mestras... Edição mais econômica...
5. Método: repetir e fazer repetir as mesmas coisas (individualmente, todos juntos).
6. Poucas palavras, comparações, exemplos simples. Cuidado com as comparações na explicação dos Mistérios da Fé!
7. Empenho para que todos aprendam tudo, mas aos que têm muita dificuldade, além do Creio, Pai nosso, Ave Maria, mandamentos e Sacramentos, basta que saibam o conteúdo da 1ª lição e das perguntas assinaladas, que os Mestres transcreverão, para tê-las juntas e ordenadas numa folha... Mesmo estes poderão assistir a todas as instruções, para que aprendam o que lhes “entrar”...
8. As excessões são para os “fracos de memória”, não para os “descuidados e negligentes”...
9. Algum premiozinho (santíssimo recurso!) – Párocos – providenciar; se não sabem como, nós nos oferecemos a proporcioná-los...
10. Para garantir que nenhum paroquiano fique sem instrução: catálogo de todas as crianças capazes de tomar parte da Doutrina Cristã, acompanhado de todas as observações e seguido de todas as conseqüências cf. o Sínodo...
11. Começar, nem que seja com 1 só Mestre para os meninos e 1 só Mestra para as meninas... Que não fique 1 só sem ser bastante instruído nas coisas que necessita saber.

Carta escrita aos 08/02/1844 – Antes da 3ª Visita Pastoral - Pág. 138 a 145:

Atividades pastorais prioritárias de Gianelli: Visitas às Paróquias da Diocese, Missões e Retiros Espirituais. Anunciamos que no dia 28 de maio, terceiro de Pentecostes, pela manhã, teremos nesta nossa Igreja Catedral, a solene abertura da nossa 3ª Visita Pastoral, para depois continuá-la conforme os avisos particulares que, com antecedência, serão enviados a cada Paróquia.
Visita para ajudar a melhorar não só o estado das suas igrejas, mas também o estado das suas almas.... Tenham todos o afã de ver as vossas igrejas não só provistas do necessário, senão ricas naqueles devotos ornamentos, de modo que, só em vê-las, se tenha que dizer: ‘Esta é Casa de Deus!’ Ao mesmo tempo em que exortamos a promover o ornamento e o decoro das vossas igrejas, muito mais nos interessa a pureza, o ornamento e a santidade das vossas almas, que são os “templos vivos do ES”.(142-143) Fundamentação bíblica (143)... Catequese da Confirmação: durante 15 dias consecutivos, ao menos pelo espaço de 1 hora cada dia, nos conteúdos do Sínodo e nossas Cartas Pastorais. (144) ...acrescentarão todas as declarações e avisos que seu zelo lhes inspire. (145)

Convocação do 2º SÍNODO – Pág. 131 a 137:

Para não fazer reuniões, alguns dão a desculpa das Missões e dos Retiros Espirituais... Outros valorizam o Sínodo só pelo aspecto administrativo e pela organização da Diocese... Não percebem outros benefícios: avaliação da vida dos Sacerdotes, votações; se põe em comum os pareceres de muitos, a luz que pode vir de todos e todos têm acesso a essa plenitude. E então, que energia! Que fervor! Que zelo resultam dum encontro de todo o Clero! E assim, da busca comum, com a participação de todos, flui o bem....
Nas Visitas, o Bispo não pode falar tudo, por dúvidas ou por prudência; nas Cartas Pastorais nem tudo se pode dizer, porque são abertas e dirigidas a todos. Nas reuniões sinodais o Bispo se dirige a todos, mas não toca a ninguém; corrige a todos, mas não ofende a ninguém; sacode e exorta a todos, mas não condena a ninguém; fala a todos, mas podem participar todos...
Que oportunidade mais feliz podem ter os Bispos para instruir, corrigir, alentar e inflamar todo o Clero?
Que meio mais útil para conservar a unidade da fé, promover a disciplina eclesiástica e avivar uma verdadeira e sólida piedade, favorecer e confirmar a caridade mútua?
Que outra ocasião mais oportuna a um ótimo Pastor para oferecer o “pasto” ao mesmo tempo a todos?
Em nenhum outro momento, o Bispo aparece no mais alto grau como Bispo e Pastor; em nenhum outro momento aparecem os outros como filhos e co-pastores!
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Que ordem! Que decoro! Que esplêndida variedade de ordens, dignidades e ministérios! Que alegria para os bons! Que confusão para os malvados! Que triunfo para a Religião! Que alegria, que emoção e que edificação para todo o povo cristão!
A saúde que gozamos, a idade muito boa e a extensão reduzida da Diocese nos permitem fazer mais freqüentemente o que a outros não é possível. Por que esperar que nos faltem essas ocasiões favoráveis? “Caminhemos enquanto temos luz!
Alguns criticam o que desconhecem... Que façam o favor de calar-se os que levantam a voz contra a novidade e a inutilidade do novo Sínodo... Elevem súplicas ao “Pai das Luzes” para que nos inspire, de modo que possamos reunir, celebrar e levar a término o segundo Sínodo como fizemos com o primeiro.
O que diremos aos que se lamentam pelos incômodos e pelos gastos? Escritura: “De que vale ganhar o mundo inteiro.....?” Néscios! De quem serão os bens que andais juntando? Se morrerdes ricos, de que serve, senão para sepultar-vos no inferno? Não criaríamos tantos problemas nem alegaríamos tantos pretextos se se tratasse de uma agradável viagem à cidade, de uma janta com amigos ou de um espetáculo que desperta nosso interesse!
Só quando se trata da glória de Deus, da salvação das almas ou do cumprimento do próprio dever surgem disputas, se agigantam as dificuldades e se lamentam os gastos?
Que incômodos ou gastos andamos “fantasiando”? Os mais distantes, precisarão de pouco mais de 1 dia de viagem; a maioria, pode fazer viagem de ida e volta no mesmo dia; o trabalho não requer mais que 3 dias. Se algum anda mesmo necessitado terá ajuda, porque não ignoramos que devemos ser “pai dos pobres”.
Os impossibilitados pela idade, pela doença ou por outro motivo legítimo não participem.
Queremos que todos estejam presentes em cada uma das funções do Sínodo, com as insígnias correspondentes ao seu ofício, com o barrete, com a estola roxa (não bordada a ouro!).

Orientações para o 2º SÍNODO – Bóbbio, 15/06/1844 – Pág. 146 a 148:

Bem sabeis que, transcorrido um ano da publicação dos Decretos Sinodais e tendo ultimado a 2ª Visita Pastoral da Diocese, era nossa intenção celebrar o 2º Sínodo; mas tendo surgido a ocasião do reconhecimento dos restos de nosso gloriosíssimo Protetor, S. Columbano, e desejando ardentemente dar a essa celebração toda a solenidade possível, cremos oportuno adiar o Sínodo. E isso nos pareceu coisa boa, não só para darmos esplendor a dita solenidade com vossa presença e a de todo o nosso Clero, como também para que pudésseis, desse modo, gozar de uma profunda alegria espiritual e exultar junto conosco com um regozijo comum no Senhor.
Assim, pois, já que tudo está encaminhado para a celebração da festividade com a maior solenidade no domingo, dia 1º de setembro próximo vindouro, daí resulta que a celebração do Sínodo está convocada para os dias imediatamente precedentes, isto é, 29, 30 e 31 de agosto...... Todos estão convidados a estar presentes... com as vestes e insígnias correspondentes a seu ofício e à sua autoridade; logo, os Párocos e os Ecônomos também com a estola roxa (mas não bordada em ouro – cfr pág. 136)...
No que se refere ao conteúdo particular do Sínodo mesmo saibam todos que abarca muitos aspectos da Igreja Diocesana e se reveste, portanto, de suma importância, porque será de grande utilidade. .......
Para que todos possam fazer isso com fervor, nos comprometemos a oferecer antes uma possibilidade de Exercícios Espirituais para Sacerdotes (o que recomendamos segundo o costume), nos locais habituais do nosso Seminário; estes começarão à tarde do dia 20 de agosto e terminarão na manhã do dia 28 do mesmo mês....
E para que esta nossa encíclica ou Decreto de Indicação do Sínodo seja do conhecimento de todos, ordenamos que seja dada à imprensa e que seja afixada nas portas da nossa Catedral e das demais Igrejas Paroquiais e vice-Paroquiais..... Explicarão a carta aos próprios paroquianos em linguagem popular para que possam penetrar em nosso pensamento e em nosso espírito e ponham todo o empenho em responder, com a graça de Deus, a nossos sentimentos e desejos.

Orientações para a Coleta e Festa de São Columbano – 26/07/1844 Pág. 149-154:

Ao final, divulgação do que foi arrecadado em dinheiro; os gêneros serão vendidos. Tudo será entregue ao Pároco ou posto no altar do Santo, à tarde do dia 31/08. Será fechado num pacote selado, que levará o nome da Paróquia ou da Localidade que fez a doação. No mesmo pacote se incluirá um papel em que esteja registrado: os destinatários da Coleta; os gêneros ou dinheiro recolhidos; o produto dos gêneros vendidos (cf orientação dada); as ofertas particulares.

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Será assinado pelo Pároco, Vice ou Capelão e por dois “destinatários” que, se não souberem escrever, farão o sinal da cruz Confiamos que o Pároco, Vice ou Capelão, ao mesmo tempo em que apresenta a oferta de seu Povo, será também prazeroso doador de uma esmola sua, dentro de um pacote diferente e marcado com seu nome. (152-153)
Detalhes da Programação da Festa do Santo: dia, local e horário das celebrações...Atividades... Música... Show... fogos de artifício... iluminação geral, à noite...Exposição do corpo do Santo para veneração do público: beijo de todos, apresentação das oferendas do povo.


HOMILIA pronunciada para a abertura do 2º SÍNODO – 29/08/1844 – Pág. 155 a 157:

Ponhamo-nos à obra com espírito não só voluntário, mas jovial... Eia, ao trabalho! (155) Tratar as coisas com brevidade e linguagem simples e familiar. Esclarecimento sobre o “escrutínio - (156)
A mãe Igreja sabe que nem todos podem fazer tudo e que cada um tem necessidade da ajuda do outro, sobretudo um Bispo, no Governo da Igreja a ele confiada. Deve conduzir seus irmãos, os Sacerdotes, os co-pastores à paz eterna não só salvos, mas santos, forjados na perfeição evangélica. (156-157)

MARIA - 24/11/1844 – Pág. 158 a 169:
Mãe de Deus... Imaculada Conceição... Medalha Milagrosa... Somos os ínfimos em méritos e em saber, mas não os últimos no desejo de ver honrada Maria, e Maria imaculada em sua concepção. Devoção sincera, terna e filial... Mãe de Deus e Mãe nossa: grande e amorosa. Mãe do Verbo divino! Esperança dos pecadores, dos desesperados, “porto seguríssimo”...
O que fazer para ser devotos de Maria? Que oferendas? Que obséquios? Que serviço prestar-lhe?
É difícil determinar uma coisa que não está definida pelas Escrituras nem pela Igreja, mas podemos dizer-lhes: ...........Ter a imagem de Maria em todas as casas, em todas as salas, em todas as entradas de vossas casas, de vossas tendas, de vossas oficinas, de vossos negócios e até de vossos campos...
Eu queria que a levásseis convosco, pessoalmente como vossos mais preciosos ornamentos ou, ao menos, os mais queridos: escapulários, faixas, medalhas (medalha milagrosa), rosários...
Eu queria que estivésseis cativados, enamorados e apaixonados por ela, como um Bernando, um Boaventura, um Ildefonso e tantos outros... Um verdadeiro, constante e incansável afã de imitá-la sempre em suas virtudes (nisso consiste a melhor devoção!)... Nas suas Festas e Solenidades: preparação com tríduos, septenários, novenas... inscrição em Confrarias... Cantar seus louvores; os que podem rezar seu Ofício... Rosário (coroa de rosas) em todas as famílias...... Maria derramará sobre nós seus favores com mão cheia, nos acolherá sob o manto de sua proteção e nos salvará.....
Irão se exercitando em aprender e cantar com a devida devoção e ritmo na Ladainha o versículo “Rainha concebida sem pecado original”, depois do verso “Rainha de Todos os Santos”... (rezar e aguardar a proclamação do dogma, pelo Papa). (165 a 169)

MEDITAÇÃO – 23/01/1845 – Pág. 170 a 186:

Chamados por Deus a alimentar-nos com sua divina Palavra e a instruir-nos nos divinos Mistérios, a encaminhar-nos ao paraíso e a guiar-nos pelo caminho que a ele conduz, foram muitos os meios que Deus nos deu a conhecer como os melhores e muitos temos empregado, até o limite da nossa debilidade.
Mas o meio no qual se apóia nossa esperança e que, até agora, consideramos como o primeiro incentivo é a Meditação, o exercício da “santa oração mental”.
Mandamos difundir a maior quantidade de “livrinhos devotos” que ensinam a meditar; nós ensinamos a fazer, fazendo-a juntamente convosco; sempre sugerimos o modo de fazê-la por vós mesmos, em vossas casas, em vossas ocupações, pelos caminhos e pelos campos; insinuamos aos Párocos que também a fizessem conosco... Em muitos lugares, a prática da meditação é abraçada e seguida com grande proveito, por muitas almas venturosas... Mas essa santíssima prática não se generalizou bastante e isso não nos deixa tranqüilos enquanto não soubermos que se pratica em toda a nossa Diocese e que todos a cultivam (seria o máximo de nossos desejos!).
Um dos erros é crer que a Meditação não é necessária aos Leigos. Nós concordamos que a prática de uma meditação formal, feita em retiro, de joelhos, com um livro, diante de imagens devotas, com os atos preparatórios e bem ordenados e com todas as demais devotíssimas diligências que os Mestres do espírito costumam prescrever às pessoas devotas e estas costumam praticar, não é necessário para todos. Seria indiscrição pretender isso das pessoas mentalmente incapacitadas e pobres e muito ocupadas.
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Mas, afirmamos que, assim como todos têm necessidade de orar, têm necessidade, em maior ou menor medida, de meditar, qualquer que seja o modo de fazê-lo.
São Bernardo escrevia ao Papa Eugênio III, que era um homem de oração: “Temo, meu querido Eugênio, temo que a multidão dos assunto, fazendo-te deixar a oração e a meditação, te arraste à dureza do coração, porque já não sente a si mesmo”.
É o mesmo São Bernardo que diz: “A meditação ilumina e purifica a mente, modera os afetos do coração, dirige as ações, corrige os excessos, compõe os costumes, faz honesta a vida e a enfeita de virtudes e méritos”.
Sois capazes de pensar e repensar? Se sois capazes de pensar, sois capazes de meditar, porque a meditação é pensar e repensar retamente, na presença de Deus, as coisas da alma. Por isso é que pregamos tantas vezes que um pouco de meditação e também com fruto podem fazer todos, em todos os tempos e em todos os lugares.
Quanto a fazê-la bem e sempre com fruto não é tão fácil...a não ser que sejamos ajudados (e confiamos que o façam!) por nossos zelosíssimos Colaboradores na vinha mística que Deus nos confiou para cultivar: os Párocos, Confessores, Sacerdotes.
Como fazer: em todos os lugares em que há uma igreja ou oratório, fixar uma hora, sempre a que for mais cômoda para a maior parte dos habitantes.... Tocar o sino e reunir-se os que podem... Entregar-se a meditar, por algum tempo, alguma máxima ou Mistério que o Pároco ou substituto lerá em voz alta, inteligível para todos e bem devagar. Essa leitura será dividida em dois ou três pontos e todos bastante curtos, para deixar que, entre um e outro, cada um possa pensar sobre ele, em silêncio, fazer as reflexões e tirar as resoluções, os propósitos e afetos que Deus lhe inspirar. A leitura virá precedida pelo oração do Hino “Veni Creátor” ou somente a antífona “Vinde, Santo Espírito” com a oração “Deus, que enchestes os corações...”ou, se não se dispõe delas, 1 Pai nosso e Ave Maria. Ao acabarem a meditação, oração de agradecimento. Tudo se concluirá recitando a Ladainha de Nossa Senhora. E já que o comprimento cansa os ânimos e as coisas que cansam ou são mal feitas ou se deixa de fazê-las, recomendamos que quem dirige que todo esse exercício não ultrapasse meia hora. E se o Pároco ou outro querem dizer algo, que seja dentro dos mesmos limites, para não cansar as pessoas, nem afastá-las.
Em geral, queremos que se faça sempre com o Livro, para que ninguém fique sobrecarregado com o pensamento de ter que preparar constantemente e evitar outros inconvenientes...
Quanto à hora a ser fixada, para as aldeias, a hora mais adequada seria o entardecer, meia hora antes do Angelus e, para os outros lugares, o Angelus da manhã (nos dias festivos, quando há muita gente, omitir ou fazer em outra hora mais cômoda, como o entardecer). Mas, isso deixamos a critério dos Párocos e dos Guardiães das igrejas e dos oratórios.
E os que não podem participar? Podem fazer a meditação em casa, no campo, nos trabalhos, no caminho... Antes de rezar o Rosário, ou em alguma outra hora mais cômoda para todos, reunir a família diante de alguma devota imagem e o mais esperto ler os pontos da meditação da mesma forma que sugerimos para fazer na igreja. O Livro fica à escolha do Diretor; só recomendamos que seja de estilo completo e simples, para que todos possam aproveitá-lo (sugere alguns autores e títulos).
Aos que reclamam da novidade e do rigor, dizemos: novidade não é, porque todos sabem que os antigos fiéis enchiam não só as igrejas, mas também os desertos para entregar-se à meditação! Recordamos S. Carlos Borromeu – modelo dos bons Bispos – que orientava como fazer em silêncio e devotissimamente a meditação.
Bento XIV recomendava aos Bispos Católicos que se esforcem por introduzir esse exercício em suas Dioceses, mandando (tomem nota bem da expressão) a todos e a cada um dos Superiores e Diretores das igrejas e lugares piedosos, tanto das cidades como dos aldeias que instruam por si mesmos ou por outros aos fiéis reunidos ao toque do sino, em horas e tempos estabelecidos “no modo de fazer a oração mental”...
Segundo S. Carlos Borromeu, nada é mais necessário aos Eclesiásticos do que a oração mental, que deve preceder, acompanhar e seguir nossas ações. Esforço para fazer com os outros a Meditação que todos fariam (talvez mais longa) em suas habitações; e, em vez de ler em voz baixa, ler um pouco mais forte. Será isso um grande trabalho, um grande esforço?... Que delícia para quem tem fé e para quem tem coração com uma chispa de caridade!
Não temer o escasso número... Basta uma pessoa para Deus estar conosco... Se tivermos poucos companheiros terrestres, teremos mais celestes! “Nunca faltam abelhas na flor que está orvalhada de mel. Derramemos esse orvalho celeste e não temamos: Deus buscará as almas que, ávidas e solícitas, venham a chupar e degustar o mel conosco!” Uma vez que tenham provado esse “maná espiritual”, não quererão perdê-lo.



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ALOCUÇÃO para a abertura das aulas em Bóbbio – 1839 – Pág. 229 a 232:

Não faltaram pessoas prudentes e doutas que questionaram se a abundância das Letras e dos Estudos era benéfica ou nociva à República... Não faltam hoje pessoas de grandíssima sensatez que continuam vendo o assunto como um problema de difícil solução...
Seja por natural inclinação que, desde criança, era coisa amável e querida para mim; seja pelo costume de ter tratado sempre com isso; seja por alguma razão desconhecida que convença meu entendimento, eu não sou capaz de conformar-me com o parecer dessas pessoas e considero tal opinião, não somente bárbara, mas anti-social, contra o sentido comum e irreligiosa.
Concordo que as Letras e os Estudos, embora sejam um bem preciosíssimo, podem ser desvirtuados e reverter em mal, como acontece com outros bens, devido à malícia e fragilidade humanas.
Acertados foram os Governantes que promoveram a instrução do povo e fizeram leis sábias para os ensino público.
Aqui tendes, excelentíssimos Senhores, sábios Professores e Juventude estudiosa, o pensamento que mais me chamava a atenção no momento em que me pus a escrever umas breves e simples idéias para a feliz inauguração dessas nossas aulas de saberes científicos: animai-vos, não tanto ao estudo e ao progresso, mas ao bom uso de vossa feliz doutrinação.
De que vos serviria aprender as Letras, enriquecer-vos de conhecimentos, chegar a ser doutos e até gente célebre se, ao mesmo tempo, não vos tornásseis melhores nos costumes sábios, modestos e religiosos?... Que benefícios viria para a República o ter jovens doutrinados se não fossem equilibrados e amantes do bem comum?... Deveria temê-los como a inimigos, tanto mais espantosos, quanto mais esclarecidos!!!
Que alegria teriam vossos pais e vossas famílias se, depois de terem se cansado e, talvez, até empobrecido para fazer-vos doutos, com a esperança de encontrar em vós poderosos apoios ou de dar à Pátria e à Igreja um trabalhador valioso, uma Luz, não vissem mais que um dissipador, um insubordinado, um rebelde e para a Comunidade um escandaloso, um inimigo mais?... Que gozo para a Igreja se, ao invés de ter, na Juventude ilustrada, espelhos mais brilhantes de piedade e santos costumes, tivesse que chorar não só a ruína deles, mas de inúmeras almas que encontram sua ruína precisamente no encanto e na ascendência que lhes dão as Letras e o Saber?...
Não quero dizer que o malefício está nas Letras ou nas Faculdades científicas ou liberais, pois os letrados sensatos, modestos e exemplaríssimos são tantos e de tal qualidade que levam a crer que o bom uso delas as promove e enobrece.
Eu queria dizer que é necessário em todos um afã e esmero particulares e vivos, para encaminhar os bons estudos e a disciplina escolar, não tanto para iluminar o entendimento quanto para melhorar a vontade; não tanto para formar doutos e cientistas quanto íntegros cidadãos e exemplares cristãos.
Aos Responsáveis e Diretores, para dar o primeiro impulso e fazer as exigências em vista desse Objetivo... aos habilíssimos e zelosíssimos “Preceptores”, principais Agentes e, se pode dizer, o tudo da grande obra, para direcionar sempre ao altíssimo Objetivo, como linhas ao seu centro: em tudo o que disserem e fizerem, a fim de instruir bem e sabiamente a Juventude, é necessário que não ditem uma só palavra, nem um sílaba, nem uma letra ou um só ponto que desvie de tal Objetivo.
Isso é necessário também em vós, Pais, para que vós também coopereis com o mesmo intento: o que nós começamos nas aulas, vós deveis exigir e aperfeiçoar em vossas casas, proporcionando uma boa caminhada da família... evitando a demasiada liberdade... os companheiros suspeitos,... os livros que não sejam verdadeiramente boníssimos... todos os exemplos menos virtuosos e menos santos...
Isso é necessário, finalmente em vós, Jovens amadíssimos, para que, longe de apresentar resistência a esse nosso santíssimo e indispensável projeto, o endosseis e animeis, e, com vossa expressa diligência, remedieis as nossas omissões e deficiências.
O que se pretende é o seu verdadeiro e máximo bem. Sem isso, tudo será apenas “enfeite”... Se vós não conseguirdes ser bons e honrados, em que vos tornareis com todas as Letras e erudição, senão em “monstros com cabeça de ouro” e todo o restante brutal, bestial e desumano?
Que ninguém pense que, com essas minhas declarações, vou ter menos entusiasmo em procurar meios e estímulos eficazes para animar entre vós os bons estudos. Prova disso é que aumentei com duas turmas nosso Colégio e procurei Sábios mais enérgicos e seguros que achava oportuno para despertar em vós a competitividade e o bom gosto.
Deus conhece meu interesse em ter um Clero plenamente instruído e Leigos que, com suas luzes e notável prudência, estejam em condições de velar eficazmente pelo bem privado e também pelo bem público.
A vós eu peço com todo o afeto do meu coração de pai, que correspondam nesse ponto muito importante. Sede sensatos, modestos, sérios, tranqüilos, diligentes, religiosos. Chegai pontualmente no horário previamente fixado... não vos detenhais em distrações no caminho... Amai vossa casa e vossa família e não vos percais nas dos outros...
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Amai as recreações simples e inocentes, que restabelecem as forças do corpo e do espírito... Recordai que o descanso virtuoso é só o que se faz como remédio ou para refazer-se... Obedecei, honrai e amai os mais velhos e lembrai que supera em brutalidade e em ferocidade ao jumento e ao cão o filho que se mostra pouco carinhoso ou ingrato com seus pais ou com os que estão no lugar deles... Distingui a Igreja, não só dos Teatros e das Praças, mas também das Casas e Escolas...
Ó Deus, o que se pode esperar dos Jovens que não conhecem bem a si mesmos e começam a desconhecer Deus?... Gigantes da impiedade!!!
Recordem que nosso Colégio leva escrita na fachada a indicação adicional de “episcopal”... Que alegria ao ver que todos estão animados do mesmo espírito e todos cooperam com o mesmo Objetivo! Desde já, agradeço ao “Pai das Luzes, do qual deriva todo o Saber e todo Dom perfeito!” (229 a 232)


ALOCUÇÃO para abertura das aulas das Meninas em Bóbbio – 09/12/1844 – Pág. 233 a 240:
Educação da mulher - Inspiração bíblica: Sl 8. Gn 2,18.
Mulher: companheira... ajuda, alívio, consolo, conforto... Obedecer, mas não escrava, nem serva... Semelhante ao homem... Conseqüência: descuidar sua educação não só é uma espécie de injustiça, senão também um erro político, uma imprudência descomunal, uma impiedade, melhor dito, uma verdadeira insensatez. Se os sucessos e os fracassos dos homens e das mulheres dependem primeiro de Deus e depois de uma boa ou má educação, não ocupar-se de que a tenham boa é quase querer, ou ao menos consentir, que a tenham má. A despreocupação em ter mulheres boas através de uma boa educação é querê-las, ao menos indiretamente, más; é querer, ou ao menos consentir, seu grande mal e, ao mesmo tempo, o nosso.
Todos os Governos sensatos do mundo sempre se ocuparam da educação do “sexo fraco” e foram tidos por bárbaros os que não tiveram nenhuma educação ou a tiveram mal entendida e servil em excesso.
No povo cristão, essa necessidade é menor, em vista da gravíssima obrigação que o Evangelho impõe de educar bem e santamente seus filhos.
Mas, alguns descuidam, outros não sabem como fazer, outros não podem cumpri-la: a uns falta tempo, a outros faltam meios; a alguns falta instrução, a outros falta tudo...
Se há alguns que sabem em que consiste a educação boa e completa de uma Menina e desejam aproveitá-la, não podem porque, faltando boas Mestras e Escolas, falta quase tudo!
As providências não podem ser tomadas só com o coração; se requer meios e meios amplos, locais apropriados, hábeis Diretoras e Mestras, ricas em paciência, em caridade, em prudência, em mansidão e em boas maneiras. E essas são poucas e tão raras...
Se se quer prover todas as classes de pessoas, se requer muitas ou, pelo menos, um número razoável de muito capazes, diligentes e pacientíssimas. Onde encontrá-las?... Uma vez achadas, como conseguí-las?... Uma vez conseguidas, como prover suas necessidades?... Como prover os gastos do início? E como prover aos gastos que surgem na continuidade da Obra?...
Essas são as reflexões que sempre impediram prudentes Magistrados que estiveram à frente da coisa pública de empreender uma Obra dessa importância, que apresenta obstáculos e dificuldades quase insuperáveis. Eu me compadeço deles, os desculpo e até os louvo porque evitaram fazer coisas “no ar”, pois essa é uma das coisas que ou é inteiramente boa ou não é. Melhor não existir do que andar mal.
Então, alguém me perguntará como me atrevi a empreender tão grande Obra. Respondo que nem eu sei!... Deus me inspirou uma confiança tão grande que, não duvidando de que tudo é possível, mesmo vendo as dificuldades, não lhes dá atenção e quase as despreza... Aí estão os fatos e vocês estão vendo!...
Comecei por desejar... O desejo iluminou os Projetos... os Projetos a Obra... e esta já está realizada!
Não podíamos desejar mais do que ter Escolas para as Meninas de todas as condições: as pobres (que mais nos interessavam, porque são confiadas ao Bispo como a um pai)... as de segunda classe... as de condição senhoril...
Aprender coisas necessárias, mas também coisas úteis que lhes abrem caminho para a leitura da História e a entender bons livros e livrar-se dos maus... úteis porque preparam para uma reviravolta na vida... Conhecimentos gerais de Geografia, sem os quais nunca chegam a saber o que é o mundo em que vivemos, sobre o qual não é lícito falar sem conhecê-lo mais do que uma mulher vulgar.
As pobres, grátis... as menos pobres, pouco menos que grátis... as demais com pagamentos módicos que ninguém possa achar pesados.
Para uma cultura completa, seria desejável alguma outra coisa: música, pintura, desenho, algum idioma, outras coisas semelhantes. Mas, não se pode esperar essas coisas de uma Escola tão econômica como a nossa! São poucas entre nós as que têm condições e buscam isso, e essas poucas voarão a outras Escolas ou terão aulas particulares em suas próprias casas.
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Quem provê o bem comum dificilmente pode fazer frente a todas as necessidades particulares e muito menos a todas as comodidades, ao gosto, ao temperamento de todos. Uma vez alcançado o verdadeiro bem do máximo número de pessoas, pode-se crer que os Objetivos estão concretizados de forma suficiente.
Mas, terei alcançado todo esse bem?... Quem pode garantir-nos?... Posso dizer que desejei e me empenhei, não porque confiei em mim, em meu zelo e em minha perspicácia, mas porque confio na divina bondade que me inspirou esse piedoso projeto, me deu impulso e ânimo para empreendê-lo e me deu a constância e os meios para prosseguí-lo.....Confio em segundo lugar na benigníssima proteção de Maria, que protege nossa Cidade...
Confio no zelo, na paciência, na mansidão, na capacidade, na indústria e esmero, na caridade de suas amadas Filhas, as Religiosíssimas Irmãs a quem o confiamos o projeto........Declaro diante dos sagrados altares e da imagem veneradíssima de Maria: se não tivesse recebido nunca das Filhas de Maria outros consolos (e recebi inumeráveis), bastaria a piedade com que assumiram nosso pobre e pequeno Hospital e com que empreenderam agora a tríplice Escola de nossas Meninas, não só para fazer-me esquecer todo o trabalho, mas fazer-me bendizê-lo e recordá-lo com júbilo. Tanto a uma como a outra empresa elas me animaram com seus generosos oferecimentos, me dirigiram com seus conselhos, me ajudaram com sua cooperação. Depois de Deus e de Maria, sou devedor a elas........
Vós, Pais e Mães de família, mostrem seu agradecimento a Maria e, se quiserem, também ao nosso imortal S. Columbano. Mostrem também seu reconhecimento às Filhas de Maria, que não lhes pedem outra coisa além da cooperação e da confiança de que serão, para suas filhas, não só Mestras e Guardiãs, mas verdadeiras Mães.

AULA INAUGURAL – Bóbbio – 10/11/1845 – Pág. 241 a 246:

Observações, reflexões e saudáveis advertências à nossa juventude estudantil... Reclamações pela falta, atraso ou troca de Professores... Pensam que é fácil encontrar quem queira e quem saiba dedicar-se à bela, à nobre e à prazerosa arte de ensinar!
Quem não conhece uma coisa toda ela, a fundo, em todas suas partes e também em todas suas circunstâncias, não pode dar um parecer seguro sobre ela. É como quem vê do litoral um navio navegando na tempestade: quantas críticas ao piloto!... Daí o provérbio: “Quem está no mar navega, quem está em terra, julga!”
Quero meus Clérigos e os vossos filhos doutos, mas os quero também bons, os quero virtuosos, os quero tementes a Deus, os quero bons cristãos. E, quanto aos Clérigos, os quero exemplares, promotores e mestres no bem viver.
Cooperação! Cooperação! Cooperem com meu grande Objetivo!
Pais ou que ocupam o lugar deles: evitem o erro de pensar que, mandando os filhos à Escola e eles obtendo bons resultados em seus progressos no estudo, já está tudo feito na educação. Isso é a mínima parte!
Como gloriar-se de um filho que, ao ornamento das Letras e Ciências, unisse um coração insensível e violento, ou um gênio difícil, estranho, caprichoso ou uma conduta desregrada, sem religião? Sede mais coerentes consigo mesmos! Principalíssima preocupação: criar filhos ajuizados, modestos, disciplinados, religiosos. Ter cuidado com suas leituras... com seus companheiros... Quando os pais cristãos abrirão os olhos a tanto excesso e se aplicarão a reprová-lo?...
Desafogando em vão meu zelo... (não me ouvem os que precisariam ouvir!).....
Amadíssimos jovens: principalíssimo objeto dos meus cuidados e do meu discurso. A vós eu exorto, peço e conjuro que vos impregneis dessas idéias e dessas importantes verdades.......
Sabei que, não só quando se aproximam as aulas, mas o ano todo penso em vós e em proporcionar-vos bons Mestres e Diretores que sejam capazes de encaminhar-vos e dirigir-vos, de dar-vos incentivo nos bons estudos e de introduzir-vos, com o tempo, no “santuário das Letras e das Ciências” e, como outros amorosíssimos Pais, velem por vós para preservar-vos dos infinitos perigos da vossa idade e do mundo em que vivemos; para derramar em vossos ternos corações o amor sincero à virtude e uma piedade tão razoável e bem entendida como fervorosa e sincera.
De que servirá ser doutos sem ser virtuosos? De que servirá o ornamentos das Letras e da Ciência sem o tesouro da piedade cristã? O que é um douto e letrado no mundo sem virtude, sem piedade? Um monstro! Um monstro que une trevas e luz, verdade e ignorância, honra com infâmia.
Quero pensar que, se já vos dedicáveis ao estudo da verdadeira sabedoria, agora o fareis mais ainda. Uni-vos a mim no propósito de adquirir a verdadeira Sabedoria. Freqüentai as aulas, escutai os Mestres e Diretores como a pessoas que lhes ensinarão não a Ciência que “incha”, mas a Ciência que “edifica”, isto é, a Ciência que, ao mesmo tempo em que ilumina o entendimento, edifica o coração e se vale das coisas terrenas para elevar o coração a Deus, primeira e suma fonte de verdadeira e infinita Sabedoria.

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ALOCUÇÃO pronunciada em S. Nicolas de Bóbbio, na ocasião da entrega de PRÊMIOS às Meninas daquelas Escolas, aos 03/01/1846 – Pág. 247 a 249:

Se o que se deve levar em consideração num Prêmio é o valor intrínseco da coisa dada a quem a conquista, eu deveria ruborizar-me ao pensar que pessoas de toda consideração de deram o trabalho de vir assistir à distribuição dos que vamos dar às Jovenzinhas que freqüentam essas Escolas. E me parece também que, se fosse assim, as Alunas premiadas, ao invés de gloriar-se disso, deveriam sentir-se constrangidas de tê-lo sido e quase desejar a sorte das que ficaram excluídas. Mas, por sorte, para nós,........... qualquer que seja o prêmio, quem tem juízo e virtude viçosa....... sabe que está destinado a recordar que foi merecido.
O mais bonito e o mais precioso do prêmio é sempre a reta consciência do mérito do mesmo. E por isso vemos que, uma medalha, até de simples bronze, é considerada como um dom muito apreciado e guardado entre as recordações mais preciosas. Por isso mesmo os antigos Gradiadores saiam triunfantes do Circo com nada mais do que um raminho de louro que lhes rodeada a fronte. É, pois, o mérito que se deve valorizar acima do prêmio.......
Dado isso por suposto, confio que não me desaprovarão pelo fato de que, não podendo oferecer prêmios de valor considerável, me limitei a coisas leves e quis destacar o mérito das mais ajuizadas, das mais diligentes e, ao mesmo tempo, mais valorosas, em vez de descuidá-las e deixá-las a todas igualmente no esquecimento.
Outro motivo grave, mas não menos afortunado, me levou e quase me obrigou a ser, não apenas moderado, mas também tacanho nessas coisas: o grande número das que, ou por todas ou por várias cláusulas, mereceram o prêmio. Motivo afortunado, dizia, porque nada poderia consolar-me mais, nada poderia animar mais, tanto as Alunas como as Mestras, e nada, espero eu, alegrar mais aos seus Pais... Se faltam prêmios correspondentes, não faltou nessas boas Meninas o mérito em obtê-los. Esta é a razão por que, ao invés de poucos prêmios e um pouco mais vistosos, preferi dar muitos, embora sejam pobres. Não tive coragem de deixar sem algum sinal de reconhecimento, sem alguma honrosa recordação a nenhuma que eu cresse que havia merecido.
É verdade que poderia remediar, como se costuma fazer, com uma “Menção Honrosa”. Mas, pensando bem, seja qual for a “Menção Honrosa”, são palavras que contentam durante uns poucos momentos ou, quando muito, durante uns poucos dias, e não satisfazem o coração. O presente, por pequeno e de pouco valor que seja, é sempre algo que temos conosco. E saber que se conquistou como prêmio dos bons comportamentos e da virtude, o tornam querido e precioso e serve também de novo estimulo a ações mais louváveis e mais virtuosas.
Com tudo isso, não penseis, Senhores, que não tivemos as devidas considerações para distinguir o verdadeiro e também o maior mérito. Não. Tanto na ordem da chamada, quanto nos pequenos objetos que serão distribuídos, nos esmeramos em observar a ordem, proporção, distinção da melhor forma que se podia e se sabia, e somente o mérito nos deu luz, e o mérito foi a única lei que tivemos.
Mas, é porque não o mereceram todas? Não, meus Senhores, não todas. Nós nos sentiríamos sobremaneira contentes e a felicidade perfeita não é daqui de baixo!... O bem nunca acontece sem a mistura de algum mal, neste mundo de erros. Também neste belo quadro não faltam as sombras, que ressaltam os esplendores da virtude.
Mas, louvado seja Deus, Suma Bondade, Ser Soberano, está é uma pintura “a giorno”: as sombras são poucas, escassas, leves. E, para sair da linguagem metafórica, ao longo de todo o ano, só 2 mereceram ser expulsas; apenas se falou alguma vez de algum leve castigo, que melhor chamaríamos de correção; e isto entre as menores e das turmas ou aulas inferiores, naquelas Meninas em que, falando em geral, o “errar” não é defeito de vontade, mas da idade e da escassa e, inclusive, nula educação.
Devemos, entretanto, confessar que muitas, sobretudo da última turma, cometeram faltas de assistência às aulas e este é, certamente, o defeito mais grave que se percebe nessas Escolas. Ah! Quanto esse defeito “freia” seus progressos!... Quantas que, mais adiantadas do que as outras na Leitura, na Escrita, no Bordado, ou em outras coisas, por haverem interrompido repetidas vezes suas lições, ficaram atrasadas.!... Notou-se que, muitas vezes, a falta de assistência às aulas influi muito até nos costumes, e é muito natural que isso aconteça, particularmente naquelas que faltam pela inclinação de divertir-se ou ficar ociosas. Nem em todas será voluntária essa falta. Mas nós, também na distribuição dos prêmios, tivemos que considerar como tal. Por isso, as poucas que não serão nomeadas saiba-se que não o são quase exclusivamente por isso.
Meus Senhores, depois de ter dado em breves traços a razão de tudo, terminarei exortando e também pedindo aos Pais que se empenhem em mandar, com toda a solicitude, suas filhas à Escola, se desejam vê-las crescer na sensatez, na virtude e na perícia naquelas coisas às quais se aplicam, e também vê-las, nos anos sucessivos, condecoradas com alguma recordação e distinção honrosas.
E vós, excelentes Jovenzinhas e Meninas, que sois o objeto dessa nossa homenagem, tende certeza que até uma única aula perdida por vossa culpa ou descuido vos causará sempre não pouco prejuízo, assim como a assídua diligência e afinco vos dará alegria e contentamento de vós mesmas, vos fará progredir no estudo, vos fortalecerá na virtude, vos garantirá algum prêmio no outro ano e, o que mais importa e ao que todos devemos, continuamente e em todo tempo, aspirar, vos disporá e ajudará a conseguir o prêmio eterno.

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